ISSN 2359-5191

03/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 06 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Indícios oceânicos apontam formação de El Niño

São Paulo (AUN - USP) - O fenômeno climático El Niño pode ocorrer novamente este ano. O Departamento de Ciências Atmosféricas do IAG (Instituto de Astronomia e Geofísica da USP) tem desenvolvido pesquisas acerca dele – origens, conseqüências, manifestações – desde 1998. A idéia, com o apoio da FAPESP, concentrou-se nos estudos do impacto que o aquecimento das águas do Oceano Pacífico têm sobre o Brasil. Por exemplo, uma chuva local pode ter se originado no Pacífico com várias semanas e até meses de antecedência. O projeto foi concluído em março de 2001, mas sua importância tem se estendido nas previsões para a ocorrência do fenômeno no mundo.

As pesquisas, lideradas pelo professor Tércio Ambrizzi, utilizam-se de modelos numéricos: equações matemáticas para computador que possibilitam simular situações atmosféricas dependendo da área a ser estudada (uma cidade, um estado, uma região, um país, ou mesmo algo em escala global). E 55% desses modelos indicam que o El Niño deve vir este ano – por volta do final de maio, início de junho, período de manifestação da corrente quente do Pacífico.

O impacto do Niño no Estado de São Paulo, porém, não é muito visível. Segundo o professor Ambrizzi, “São Paulo define uma região de transição entre situações mais secas e mais úmidas. Se essa região ficar mais ao norte, durante o El Niño pode haver mais chuva em São Paulo. Em compensação, se ficar mais ao sul, chove menos. Fazendo uma média de tudo, praticamente não há sinal. Em situações de El Niño, em São Paulo acaba tendo pouca influência”.

Nas outras partes do país, por outro lado, a presença do El Niño é significativa, e por isso é importante destacar sua vinda. Esse ano, indícios da vinda dessa corrente foram registrados pelo aquecimento parcial do oceano Pacífico, pela diminuição dos ventos alísios e pela quebra da circulação oceânica. O que isso significa? As águas do oeste Pacífico são mais elevadas devido aos alísios, que sopram da região equatorial em direção leste-oeste. A circulação de água no fundo do oceano, portanto, vai da parte mais alta (oeste) para a mais baixa (leste), resfriando essa última região. Durante o El Niño, ocorre uma reação em cadeia: se há menor intensidade dos ventos alísios, a parte oeste do Pacífico tende a abaixar. Isso afetará a circulação oceânica, que não mais levará água fria para a parte mais a leste, que também esquentará e, por sua vez, afetará a intensidade dos alísios. Um círculo vicioso que pode durar de um a dois anos. A única dúvida é se a quebra da circulação oceânica que ocorreu agora será mantida até o final do mês de maio, a ponto de se formar o El Niño.

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