ISSN 2359-5191

03/10/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 68 - Economia e Política - Instituto de Relações Internacionais
“Solução de dois Estados” não resolve problema árabe-iraelita
Em conferência organizada pelo centro acadêmico do IRI, jornalista britânico critica a iniciativa “dois Estados para dois povos”
Para jornalista, segregação sofrida por palestinos tem característica de um regime de apartheid

 

Necessidade de uma resposta da comunidade internacional para que os araques aos direitos humanos, promovidos por Israel, cessem finalmente e a crítica à “solução de dois Estados” foram os principais assuntos abordados em conferência internacional do Instituto de Reações Internacionais da USP. O evento, organizado pelo Centro Acadêmico Guimarães Rosa, foi comandado pelo jornalista e ativista britânico Ben White.

No cenário internacional, é comum a defesa da criação do Estado palestino separado do Estado de Israel. Os defensores dessa medida alegam que os problemas históricos envolvendo os dois povos teriam fim se uma separação ética fosse efetuada, colocando-se barreiras geográficas entre árabes e judeus. Ben White, no entanto, destaca que essa iniciativa, baseada em princípios excludentes, agravaria ainda mais o problema da segregação do povo palestino. Na conferência realizada pelo IRI-USP, o jornalista explicitou as principais questões que justificam seu ponto de vista.

De acordo com White, há três problemas que impedem o sucesso da solução do “dois Estados para dois povos”. Em primeiro lugar, o significado do termo “Estado palestino” sofreu tantas mudanças com o passar dos anos, que o seu uso se tornou problemático. Membros do parlamento israelense, chefes de Estados que apoiam Israel, mostram-se favoráveis a tal medida. No entanto, sua preocupação se centra na criação de um Estado sólido e soberano judeu, e no deslocamento da população árabe para outro território, mesmo que esse seja menos que um Estado, algo como uma entidade. Outro problema com a solução seria a segregação dos palestinos com cidadania israelense. Uma vez que a separação seria feita com base na origem étnica dos cidadãos, as implicações da iniciativa para os árabes que conseguiram cidadania em Israel seriam obscuras.

Por último, a solução dos dois Estados teria características segregacionistas semelhantes às de um regime de apartheid. A separação dos dois povos em dois territórios se baseia somente em distinções étnicas e é pautada na exclusão e na expulsão do povo palestino. O objetivo de fundar um Estado com população judia deixa à margem as verdadeiras necessidades do povo árabe, que seria deslocado, mesmo que contra a vontade, para outro local.

Para encerrar a conferência, Ben White explicitou medidas que podem ser tomadas pela comunidade internacional para tentar conter a violência e a opressão israelita sobre os palestinos. Segundo ele, medidas de embargo econômico a Israel devem ser estimuladas. Além disso, o jornalista também defende o boicote acadêmico às instituições de ensino superior israelenses. O fato da própria Universidade de São Paulo ter convênio com universidades de Israel, o que deveria ser desestimulado, foi destacado. A população no geral, acadêmica ou não, tem a responsabilidade de cobrar o governo e outras autoridades institucionais para que o boicote seja mais eficaz. Só assim Israel sofreria a pressão suficiente para que tenham fim os ataques aos direitos individuais dos palestinos. 

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