ISSN 2359-5191

28/04/2015 - Ano: 48 - Edição Nº: 27 - Economia e Política - Escola Politécnica
Problemas que travam a mineração brasileira
Entre eles destaca-se competitividade e visão conversadora do empresariado no aís

A mineração é um setor chave na economia. Seja para exportação ou para fornecer matéria-prima para a indústria, desenvolvê-la de forma sustentável é um objetivo a ser alcançado. Porém, no Brasil, a realização desse projeto conta com grandes entraves.

Alexandre Orlandi Passos, em sua dissertação de mestrado na Escola Politécnica da USP, estudou como a mineração é realizada no país e destaca o principal problema que ela enfrenta: a competitividade. “Nós temos uma  visão extrativista da mineração, o que causa prejuízos ambientais e sociais. Ela tem uma postura de apenas explorar, sem  fomentar um desenvolvimento regional. Para mudar isso, precisa-se investir em pesquisa e desenvolvimento”

Ao longo dos anos, o Brasil vem perdendo sua competitividade na área. A indústria de transformação brasileira, em 1965, tinha quatro vezes mais produtividade do que a coreana, e um terço da americana. Já na década de 80, o Brasil conseguia se aproximar, chegando na metade da produtividade da indústria dos Estados Unidos. Já a Coreia do Sul, beirava aproximadamente um terço da brasileira. Porém, a partir desse período, a indústria de transformação nacional estagnou. Hoje, os Estados Unidos é cinco vezes mais produtivo do que nós, e a Coreia já tem mais que o dobro do rendimento brasileiro.

Essa estagnação se deve a vários fatores. O Brasil passou por um processo de redemocratização, onde o Estado passa a interferir menos e a indústria tem que se virar por conta própria. O empresário reduz o investimento, o que induz a pesquisas menos efetivas. Porém, não se pode atribuir toda a culpa a esse processo. Os empresários, segundo Alexandre, têm uma visão conservadora, à curto prazo, focada apenas em ganhos unilaterais. 

Ele também cita a cultura autoritária presente na América Latina e no Brasil. “Isso torna mais difícil a criação de um ambiente propício a inovação. Há uma cultura avessa a  riscos e parceria, e parceria é fundamental quando se fala em inovação. onde as alavancas são a inovação aberta e o trabalho em rede, visão autoritária é incompatível”. Há também a dependência das indústrias no Estado. “Tudo que dá errado é culpa do Estado, e tudo que da certo é mérito dos empresários”. 

Alexandre simulou a criação de uma indústria de mineração, corrigindo os erros apontados por ele. Usando o modelo tradicional e situada no quadrilátero ferrírero, ele  introduziu algumas inovações e simulou  qual seria o potencial diferente de competitividade em cima do valor líquido do projeto. Na fase piloto, ao invés de criar uma mina grande de uma vez, fez duas etapas. Uma fase inicial menor, para avaliar conceito e tecnologias, e uma segunda etapa, que chegará ao tamanho do modelo tradicional.

Nessa fase piloto, ele implantou mecanismos como financiamentos subsidiados pra inovação e incentivos fiscais. A fase inicial da mineração, a fase de pesquisa, projetos, licenciamento e ate a parte de viabilidade, não contam com uma linha de financiamento no Brasil. Mudando esse cenário, aliado aos  incentivos fiscais, o empreendimento torna-se mais competitivo e com risco menor. Ele conta que gastou 50% a mais nesse projeto do que gastaria em uma empresa tradicional, mas os benefícios se tornaram muito vantajosos a longo prazo.

“Hoje investe-se pouco nos projetos minerais, e usa-se soluções tradicionais por falta de recurso. Se passo a ter fonte de recurso subsidiados, posso investir muito mais, e tornar aquela mineração mais competitiva e sendo sustentável. Há tecnologia no mercado pra tornar projetos inovadores e pessoal competente e ocioso para desenvolvê-los. Mas falta uma mudança cultural e na mentalidade nas indústrias para modificar esse cenário”

 

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