Em outubro se comemora o dia do médico
(18), hoje são tantas as especialidades médicas
mas, antigamente as famílias eram tratadas por um único
médico, que conhecia os problemas de cada um, do bebê
ao vovô, e aí se inclui não só
os de saúde mas também os familiares.
Em
1994, o Ministério da Saúde (MS) criou o Programa
Saúde da Família (PSF) que tinha como meta substituir
o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto
da família. O PSF prioriza as ações de
prevenção, promoção e recuperação
da saúde de forma integral e contínua. O atendimento
é prestado nas Unidades Básicas de Saúde
(Ubas) ou em casa, pelas equipes de Saúde da Família
que são compostas por médicos, enfermeiros,
auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de
saúde.
O programa é implementado pelos municípios que
devem identificar as áreas para implantação,
calcular o número de equipes e de agentes comunitários,
adequar espaços e equipamentos, prover os profissionais
necessários e solicitar a adesão ao PSF para
a Secretaria Etadual da Saúde. Os profissionais e a
população juntos criam vínculos de co-responsabilidade
o que facilita a identificação e o atendimento
aos problemas de saúde da comunidade.
Segundo
dados do Ministério, no Estado de São Paulo
existem 645 municípios beneficiados pelo programa,
que inclue agentes comunitários, equipes de saúde
da família e equipes de saúde bucal, atendendo
aproximadamente 38 mil pessoas.
Seguindo
essa tendência, desde 1999, está em funcionamento
no Núcleo de Psiquiatria e Psicopatologia da Faculdade
de Medicina em Ribeirão Preto (FMRP) o Pai-Pad
- Programa de Ações Integradas para a |
Grupo do Pai-Pad |
Prevenção
e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas
- cujo principal objetivo é a implantação
de ações de prevenção e atenção
à saúde relacionadas aos problemas causados
pelo consumo excessivo de álcool e drogas. |
Erikson
Furtado, psiquiatra, professor da FMRP e coordenador do programa,
diz que a proposta inicial era buscar formas de colaborar
com o Centro Médico Social Comunitário da Vila
Lobato, ligado à faculdade, que oferece um serviço
de medicina comunitária voltado para a saúde
da mulher, da criança e do adolescente. "Foi nesse
momento que fizemos o primeiro treinamento de profissionais
de saúde, estabelecendo as propostas básicas
do Pai-Pad, que era perceber os problemas relacionados ao
álcool e drogas", afirma.
"Foi
nesse momento que fizemos o primeiro treinamento de profissionais
de saúde, estabelecendo as propostas básicas
do Pai-Pad, que era perceber os problemas relacionados
ao álcool e drogas" |
Depois
de cinco anos de implantação, o programa conta
com o apoio da Organização Mundial da Saúde
(OMS), que pretende tirar da experiência brasileira
no combate ao alcoolismo, um modelo e aplicá-lo em
outros países. O exemplo brasileiro despertou o interesse
da organização mundial, por basear-se, principalmente,
no Programa da Saúde da Família, que leva para
o cotidiano de agentes e moradores locais a discussão
sobre o ato do beber de risco.
Para
que o profissional consiga perceber as situações
ligadas ao problema, ele passa por um treinamento para explicar
o uso do Audit (Teste para Identificar Distúrbios Relacionados
ao Álcool), que se trata de um questionário
simples que rastreia o ato de beber com perfeição,
e atribui uma pontuação que indicará
ao profissional qual o passo seguinte.
"Os
manuais da OMS, que tivemos a tarefa de traduzir, adaptar
e divulgar, são importantes para orientar a formação
dos profissionais de saúde. É por isso que
o Ministério da Saúde interessou-se em adotá-los"
afirma Furtado. O Audit foi desenvolvido durante 20 anos
por Thomas F. Babor pesquisador da Universidade de Connecticut,
EUA. Para aplicação no Pai-Pad, o manual
foi traduzido e adaptado por Clarissa Mendonça
Corradi, psicóloga do programa, e passará
a ser adotado pelo Ministério da Saúde em
toda a rede brasileira. |
Manual
Pai-Pad |
"A
edição brasileira deve relatar as experiências
pioneiras dos treinamentos realizados pelo programa, orientando
os profissionais de saúde sobre o uso e aplicação
das técnicas de intervenções breves nos
programas de atenção primária à
saúde", afirma Clarissa. A versão brasileira
sairá com 150 páginas e manterá a original
traduzida com o acréscimo de dois capítulos
essecialmente adaptados à realidade brasileira.
"O
médico faz prevenção através da
ação educativa do próprio médico,
do aconselhamento, da identificação e do acompanhamento
vigilante dos casos de risco, da intervenção
precoce, adiantando-se ao agravamento de um problema e também
possibilita o encaminhamento adequado do caso de acordo com
a sua gravidade", enfatiza o psiquiatra.
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