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evento930x350 Eternidade

Desde 2017, O Bonde é o que somos. Reverenciados a ajuntamentos negros e periféricos com o objetivo de aquilombar-se, somos também nossas próprias singularidades em movimento conjunto, podendo nos constituir como um núcleo, um grupo, um coletivo ou um Bonde. Artistas negros e periféricos, formados em diferentes períodos na Escola Livre de Teatro de Santo André. Temos como pesquisa de linguagem a palavra e a narratividade como ferramenta de acesso, denúncia e ampliação de discussões afrodiaspóricas e seus desdobramentos. A abordagem épica da palavra com distanciamento dramático e aproximação narrativa é eixo fundante dos nossos pensamentos, desejos e mergulhos na étnica-criação-racial em São Paulo.

Sucesso de público e de crítica em janeiro e fevereiro de 2024, o espetáculo Bom dia, Eternidade, d’O Bonde, volta em cartaz em São Paulo. Após temporada de estreia no Sesc Consolação, a peça faz apresentações gratuitas no TUSP Butantã (Rua do Anfiteatro, 109, Cidade Universitária, São Paulo, SP) entre os dias 12 de abril e 5 de maio, de quinta a sábado, às 19h, e, aos domingos, às 18h.

Em seguida, entre 23 de maio e 2 de junho, a peça integra uma mostra de repertório que vai apresentar também os espetáculos Desfazenda – Me enterrem fora daqui (2020) e o infantil Quando eu morrer vou contar tudo a Deus (2019). As três obras formam a Trilogia da Morte. Com a proposta de aquilombar-se, O Bonde reúne artistas periféricos que têm investigado as experiências de quase morte do corpo negro, com foco nas heranças do período escravocrata. Cada trabalho aborda uma fase da vida: infância, vida adulta e velhice.

Em Bom dia, Eternidade, quatro irmãos idosos que sofreram um despejo quando crianças recebem a restituição do terreno após quase 60 anos e precisam decidir o que fazer. O tempo se embaralha e um mosaico de histórias reais e ficcionais é costurado no quintal da antiga casa, acompanhado de um bom café e de um velho samba. Em cena, uma banda de quatro músicos, cada qual com mais de sessenta anos, em um jogo friccional com as narrativas dos atores/atriz d`O Bonde. Um espetáculo que descortina a realidade do passado olhando para o presente.

Histórias reais e ficcionais se misturam e o tempo se embaralha em meio às lembranças. Toda a ação acontece no quintal da antiga moradia da família. Canções de Fernando Alabê, Djavan, Tim Maia, Jorge Aragão, Roberto Mendes Barbosa, Luiz Alfredo Xavier, Jorge Ben Jor, Lupicínio Rodrigues e Johnny Alf norteiam a narrativa. Os quatro músicos em cena tem mais de 60 anos e incríveis trajetórias na área. Partindo do princípio que eles podem compartilhar suas vivências, sem ninguém falando por eles, os músicos se transformam em personagens e os atores Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves são duplos deles, em um jogo cênico carregado de simbolismo. Partindo destes princípios, o coletivo fincou os pés no presente e revisitou histórias de famílias e das migrações, além dos contos, causos, teses, lutas e tudo o que constitui a sociabilidade de um corpo negro e velho, neste que é o primeiro trabalho com dramaturgia colaborativa do grupo, resultando num texto fragmentado no qual cabe ao público juntar cada peça. O projeto foi realizado por meio da 38ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura.

Os músicos, por Fernando Alabê, diretor musical

Cacau Batera é um grande instrumentista e intérprete dos mais exímios. Desfilou sua arte do ritmo apoiando artistas como Jerry Adriani, Tim Maia, Johnny Alf e Jamelão. Seu dom expande a arte do cantar ao modo dos “crooners” de antigamente e sua voz tem a excelência e a elegância dos grandes cantores da música popular brasileira. Luiz Alfredo Xavier é parceiro de Zé Ketti e Jamelão, assim como de tantos outros aos quais emprestou seu conhecimento teórico musical, escrevendo as partituras das letras que lhe chegavam, e assim ajustando a harmonização delas. Revisor da Editora Ricordi, responsável pelo aprendizado musical de muitas gerações ao longo de mais de sessenta anos de música como cantor, compositor, violonista e contrabaixista, sendo, deste modo, integrante da primeira banda que acompanhava os Originais do Samba, quando o grupo ainda se chamava Os Sete Crioulos da Batucada. Maria Inês é uma cantora por resistência, pois foi impedida pela família de exercer seu sonho de cantar, como fazia em programas de calouros aos 15 anos.  Abandonando a carreira artística e se dedicando à arte e ser cabeleireira por cinquenta anos, ao se aposentar, ingressou no Coral da USP, onde ficou por dez anos, todavia se ausentando deste por mais dez anos, retornando aos palcos agora para a peça. Roberto Mendes Barbosa é maestro, regente de coral, cantor e compositor. Formado pelo Mozarteum, se dedica a corais e liras pela cidade de São Paulo, bem como atua como músico de cena para teatro.

Ficha Técnica

Idealização: O Bonde / Elenco: Ailton Barros (Carlos), Filipe Celestino (Everaldo), Jhonny Salaberg (Renato) e Marina Esteves (Mercedes) / Músicos em cena: Cacau Batera (bateria e voz), Luiz Alfredo Xavier (violão, contrabaixo e voz), Maria Inês (voz) e Roberto Mendes Barbosa (piano e voz) / Dramaturgia: Jhonny Salaberg / Direção: Luiz Fernando Marques Lubi / Diretora assistente: Gabi Costa / Direção Musical: Fernando Alabê / Videografia e operação: Gabriela Miranda / Desenho de luz: Matheus Brant / Cenografia e Figurino: Luiz Fernando Marques Lubi / Acompanhamento em dramaturgia: Aiê Antônio / Música original: “Preta nina” – Fernando Alabê, Luiz Alfredo Xavier e Roberto Mendes Barbosa / Técnico de som: Hugo Bispo / Técnica de Videografia: Clara Caramez / Captação de vídeo: Fernando Solidade / Costura cenário: Edivaldo Zanotti / Cenotecnia e Contrarregragem: Helen Lucinda / Fotos: Júlio Cesar Almeida / Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques / Social Mídia (criação de conteúdo): Erica Ribeiro / Produção: Jack Santos – Corpo Rastreado / Agradecimentos: Casa DuNavô, Coletivo Tem Sentimento, Família Barros, Família Celestino, Família Esteves, Família Martins, Família Salaberg, Guilherme Diniz, Grupo XIX de Teatro, Ilu Inã, Mercedes Gonzales Martins (in memoriam), Oficina Cultural Oswald de Andrade, Otávia Cecília (in memoriam), Teatro de Contêiner, Rogério de Moura e Willem Dias.

Serviço Bom dia, Eternidade | 120 min | 14 anos De 12 de abril e 5 de maio de 2024, de quinta a sábado, às 19h, e, aos domingos, às 18h TUSP Butantã – Rua do Anfiteatro, 109 – acesso pela lateral direita do prédio, ao lado do bloco C – Butantã Gratuito – Retirada na bilheteria 1h antes do início da sessão