Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Juan Rulfo e “Sarapalha”, de Guimarães Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
Grande Sertão: Veredas (1956) y Pedro Páramo (1955) crean, en la misma instancia que interrumpen, figuraciones totalizadoras del ser y del mundo: así operan sus ficciones. Esa participación encuentra su máxima paradoja en la apropiación que, sobre esas obras, ha ejercido la crítica latinoamericana: como precursoras de obras posteriores o como consolidaciones de una literatura
latinoamericana madura. ¿Esas obras aceptan sin tensiones o resistencias esa filiación? Este trabajo explora estos temas y problemas al menos en tres niveles imbricados y en extrema tensión: la acción, la narración y la transcripción o pasaje al texto.
Este trabalho conduz a uma visada literária e cultural, em que os olhares se voltam para as obras Pedro Páramo, de Rulfo e "Sarapalha", de G. Rosa, buscando compreender valor de duas produções distanciadas pelo espaço de uma realidade geográfica mas, entretanto, próximas por interações e diálogos.
Este artigo busca discutir dois aspectos importantes que permitem uma comparação significativa entre William Faulkner, Guimarães Rosa e Juan Rulfo. Estes são a preocupação constante dos três autores de representar áreas rurais, marginais dentro de um quadro da modernidade, e a exploração pelos três da estética modernista.
Este trabalho tem como objeto de estudo as obras de João Guimarães Rosa Sarapalha, Corpo fechado e A terceira margem do rio e de Juan Rulfo Luvina e Pedro Páramo. Partindo destes materiais literários analisamos as categorias da transculturação, as relações entre escrita e poder e as implicações das teorias de Ángel Rama para a análise cultural da América Latina. Fundamentam este estudo as teorias críticas desenvolvidas por Roberto González Echevarría, Alberto Moreiras, Antonio Cornejo Polar e Jacques Derrida. Desta forma, o trabalho passa pela discussão de temas como a influência, a mediação e a representação do discurso antropológico na literatura, o debate entre a oralidade e a escrita e o papel paradoxal da literatura na América Latina.
Este trabalho desenvolve algumas reflexões básicas sobre a nova narrrativa latino-americana do ponto de vista da problemática da modernidade, e mais especificamente, dos conflitos fáusticos do progresso. A leitura do Fausto de Goothe serve de pardigma do homem moderno e seus imperativos de progresso, como problemática central da modernidade. No caso da América Latinba se analizam as tensões na formação de sua modernidade, suas manifestações na cultura e a sua transposição na nova narrativa latino-americana. Os romances escolhidos para uma análise detalhada deste assunto são: Pedro Páramo de Juan Rulfo, São Bernardo de Graciliano Ramos, Yo El Supremo de Augusto Roa Bastos e Gramde Sertão Veredas de João Guimarães Rosa. A análise tem três aspectos: a) as relações entre personagens e seu mundo; b) as tensões fáusticas e suas transposições em cada texto; e c) as metamorfoses que se operam nos personagens.
Mexican Juan Rulfo's Pedro Paramo (1955) and Brazilian Joao Guimaraes Rosa's Grande Sertao: Veredas (1956) are two of the most widely praised novels that have been produced in Latin American literature. Besides being masterpieces in their own right, the novels of Rulfo and Guimaraes Rosa represent the turning point in the development of the New Novel in this collective literature. In fact, not only are they the first to embody fully the major character- istics of the New Novel, but these two works mark the starting point of a period dominated by innovative prose fiction.
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Teoria Literária e Literatura Comparada
Neste trabalho, proponho-me examinar a obra de Jõao Guimarães Rosa (principalmente Grande Sertão: Veredas e alguns contos) em relação com as obras mais reconhecidas de outros escritores junto com os quais conformaria o grupo que José María Arguedas denomina escritores provincianos: Juan Rulfo, o próprio Arguedas e, embora menos próximo a eles, García Márquez. Além destes autores, examino sua relação com Augusto Roa Bastos, autor que a crítica posterior a Arguedas inclui entre os provincianos. Analisa-se por que estes escritores se apresentam como humildes camponeses, vaqueiros ou índios que não gostam dos intelectuais e escrevem obras que parecem narradas por um membro das culturas fundamentalmente orais de suas regiões de origem. Aponta-se que o objetivo dos provincianos é fazer surgir a província no literário em uma escrita que tem como destino a cidade, em resposta aos processos de modernização que parecem condená-la a desaparecer. Avalia-se o que fica dessa resposta, sugerindo-se que pode ser uma ruína. Na análise sobre a proposta narrativa dos provincianos são consideradas diferentes interpretações dedicadas a esse tema, desde os estudos clássicos de Ángel Rama e Antonio Candido até alguns textos que questionaram esses estudos, como os de Alberto Moreiras e Idelber Avelar.
Os romances canônicos latino-americanos Grande Sertão: Veredas (João Guimarães Rosa, 1956)
e Pedro Páramo (Juan Rulfo, 1955) refletem-se através das suas fronteiras lingüísticas e outras
devido a seus usos de espaços literários e regionais. Estudos prévios de ambos os trabalhos
freqüentemente concentram-se – como muitos estudos dos trabalhos individualmente – em uma
dicotomia percebida entre o material local e regional, e a técnica estética inovadora, até
“universal.” No entanto, a relação entre o cenário e a forma nos trabalhos tem pouco a ver com
conflito. Antes, a análise simultânea das obras demonstra que, em ambas, as paisagens regionais
arquetípicas são a fundação detalhada para a construção narrativa de espaços (meta)físicos
complexos que são centrais às obras: espaços ao mesmo tempo espirituais e localizados. O
verdadeiro paradoxo dos romances, a sua dicotomia aparente que é ao mesmo tempo unidade,
fica na confluência dos reinos físicos e metafísicos em tanto o sertão dos percursos de Riobaldo
como o Jalisco da herança terrível de Juan Preciado: para um, a terra e caminho (sertão e
veredas) no qual talvez residam Deus e o Diabo, e para o outro, um povoado no qual a maldade
feita e a corrupção espiritual resultaram num purgatório interativo e amarrado à terra.
A complexidade destes reinos (meta)físicos é executada pelas técnicas inovadoras da narrativa
nas obras, tanto nas preocupações e experiências comunicadas pelos protagonistas, como no
forjamento de paradoxo, incerteza, e lacunae textuais nas narrativas em si mesmas. Em muitos
aspectos, os espaços são as suas narrativas: o sertão e os caminhos de Riobaldo nele são como o
“redemoinho” do refrão dele, um redemoinho narrativo, e o Comala da experiência de Juan
Preciado, e em conseqüência do leitor/da leitora mesmo/a, é uma colcha tecida como isso dos
campos semeados e abandonados, sua colheita as vozes dos mortos sem redenção. As texturas
dos trabalhos, as aberturas forjadas neles, mais os seus pontes narrativos ao/à leitor/a, criam
espaços de participação, até de integração: espaços literários da co-construção de leitor/autor de
espaços telúricos de paisagem (meta)física.
O cenário e a forma não estão em conflito: é devido às técnicas narrativas complexas e criativas
que o sertão e Comala se transformam, em colaboração com o/a leitor/a, em geografias
poderosamente internalizadas de origem tanto material como imaterial – geografias (meta)físicas
para explorarem as preocupações das obras acerca da identidade, a violência, a redenção, e a
relação humana com a terra.