Sala 39

James Webb: uma nova perspectiva para a ciência

Inovações do super telescópio, diferenciais comparados ao Hubble e perspectivas para o futuro da astronomia

Por: Davi Caldas, José Adryan, e Tiemi

Editor: Jean Silva

Desde a Antiguidade, o estudo do universo fascina a humanidade. Maias, chineses, egípcios, babilônios e gregos já olhavam para o céu em busca de referências. Com Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, ou os mais contemporâneos como Stephen Hawking e Albert Einstein, e muitos outros cientistas, a astronomia se aprimorou, até chegar nos grandes telescópios da atualidade, sendo o principal deles o James Webb.

Após quase 30 anos de desenvolvimento, o telescópio foi lançado no dia 25 de dezembro de 2021, revolucionando o modo como observamos o universo ao operar no infravermelho, algo inovador até então. Assim, foi possível acessar uma grande quantidade de informações, antes inacessíveis. Em entrevista ao Sala 39, o Professor Roberto Dell’Aglio, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), explica sobre o aspecto chamativo dos espelhos refletores de ouro: “O ouro é muito mais eficiente para refletir o infravermelho do que o alumínio.” Além disso, o professor complementa: “O fato do telescópio estar fora da atmosfera permite produzir imagens de uma qualidade absolutamente inédita.”

Com potencial para se tornar um divisor de águas na astronomia observacional, o James Webb é constantemente comparado com o último grande telescópio espacial, o Hubble. A captação de imagens por infravermelho é o principal diferencial entre os dois, mas o Webb ainda conta com um espelho de diâmetro 2,5 vezes maior que o do Hubble, garantindo uma área coletora aproximadamente seis vezes maior. De acordo com o professor Roberto: “O Webb é muito mais moderno, e foi sendo atualizado ao longo dos anos enquanto estava sendo construído. Toda a evolução da engenharia das últimas décadas que o Hubble não tem, o Webb tem, permitindo fazer um tipo de ciência que antes seria inconcebível.” Apesar disso, ainda reitera: “É equivocado achar que eles iriam competir um com o outro. Eles são complementares, não existe competição!”

Uma das recentes descobertas do James Webb pôs em xeque parte da Teoria do Big Bang. Isso não significa que ele contraria a teoria, mas novos dados coletados mostram que já existiam galáxias formadas entre 300 e 400 milhões de anos após a chamada explosão primordial. “Esse resultado indica que aparentemente as galáxias se formaram numa escala de tempo muito mais rápida do que os modelos diziam. Isso não tem problema nenhum, vamos revisar os modelos, é assim que a ciência evolui. Se o modelo está errado, muda-se o modelo”, afirma Roberto Dell’Aglio.

Este é apenas o começo das descobertas e inovações que o James Webb irá trazer à astronomia, tendo em vista que o ele pode continuar em funcionamento por mais de dez anos. Não se sabe o que se descobrirá na próxima década com esse telescópio, mas de acordo com o professor Roberto Dell’Aglio: “Os resultados vão ser divididos em antes e depois do James Webb, porque é um instrumento de vanguarda com enorme potencial de operar por muito tempo, produzindo dados que não vão ter competição.”