ISSN 2359-5191

22/06/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 12 - Sociedade - Faculdade de Educação
Resgatar memória da educação esbarra na falta de materiais de pesquisa

São Paulo (AUN - USP) - Refazer os caminhos da educação no Brasil é uma maneira de resgate e re-interpretação da história do país. A iniciativa, no entanto, pode ser uma verdadeira caça ao tesouro. “A sociedade brasileira não preserva objetos que possam reconstituir seu passado. É um país sem memória”, reflete Maurilane Biccas, pesquisadora da Faculdade de Educação (FE) da USP. Ela é uma das organizadoras do I Encontro de Arquivos e Museus Escolares, que ocorrerá de 26 a 28 de julho na FE.

É a primeira vez que se discute o tema no país e, segundo a professora, o interesse pela guarda e socialização de arquivos escolares tem crescido nos últimos quinze anos. “Em países como França e Portugal, por exemplo, há documentos dos séculos XVIII e XIX. Já nas cidades brasileiras do interior não há nem mais vestígios dessa época”, lamenta. Objetos como caderno de freqüência e tarefa escolar são fontes básicas de estudos sobre História da Educação brasileira.

Como não há uma cultura de preservação nem políticas definidas sobre o que deve ou não ser descartado, pesquisadores se deparam com um terreno deserto na hora de constituir o corpus de seus trabalhos. A professora lembra da dificuldade que teve para encontrar a Revista do Ensino de Minas Gerais, objeto de estudo de sua tese de doutorado. O periódico oficial do Estado surgiu na década de 20 e durou mais de 50 anos.

Maurilane critica o despreparo técnico e metodológico das pessoas que lidam com acervos, além da falta de espaço físico de qualidade para abrigar os materiais. Porém, apenas guardá-los não basta. “É preciso socializar os documentos”, defende a professora. Uma possibilidade seria disponibilizá-los via internet, como fazem alguns museus da Europa.

Além de ser um fórum de debates, o I Encontro de Arquivos e Museus Escolares também pretende deixar marcas mais incisivas na sociedade. Uma é a consolidação de um grupo permanente com pesquisadores e profissionais, à maneira da RIHMIE (Rede de Investigadores em História e Museologia da Infância e Educação), em Portugal. A outra é no âmbito do governo: “Quem sabe tenhamos condições de subsidiar a criação de políticas públicas no Brasil”, torce a docente.

O evento contará com participantes Portugal e de vários estados brasileiros, como Bahia, Paraná e Mato Grosso, que irão compor mesas-redondas, comunicações livres e oficinas. “Não fizemos processo seletivo, pois quisemos mapear e conhecer todos que trabalham com a questão”, afirma Maurilane. Já são mais de duzentos inscritos, mas estima-se que um número significativo de participantes se inscreva no dia do encontro.

Mais informações pelo site http://paje.fe.usp.br/estrutura/events1.htm

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