ISSN 2359-5191

29/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 10 - Sociedade - Escola de Educação Física e Esporte
Atletas não querem perder características femininas

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa realizada na Escola de Educação Física e Esportes da USP concluiu que, apesar da presença da mulher no meio esportivo nunca ter sido tão grande como na atualidade, vários preconceitos ainda incomodam as atletas de alto rendimento, principalmente aqueles vinculados às imagens e formas de seus corpos. O estudo, realizado pelos professores Antônio Carlos Simões e Jorge Dorfman Knijnik, foi feito com 156 atletas de equipes femininas de handebol de alto nível do Brasil e comprovou que, ao mesmo tempo em que querem possuir corpo de atleta, as competidoras não querem perder suas características femininas, mesmo que isso as impeça de possuírem qualidades que as favoreçam em termos esportivos e competitivos.

Atualmente, o corpo da mulher atleta e a sua própria performance no mundo esportivo são quase que invariavelmente julgados por outros padrões que não aqueles condizentes com a atividade física em questão. Segundo a pesquisa, as mulheres passam a ser qualificadas não só pelos seus talentos esportivos, mas também por fatores pessoais como estado civil, moralidade e atributos físicos. Além disso, a expressividade do esporte tornou-se tão marcante na mídia que acaba por gerar, produzir e reproduzir conceitos que são “atirados” à sociedade cotidianamente. Chavões de beleza e sexualidade que são comumente utilizados pela imprensa para designar atletas de diferentes modalidades acabam tendo papel decisivo na construção de uma identidade corporal das atletas no imaginário coletivo.

A partir dessas constatações, o estudo objetivou analisar a imagem corporal das atletas, comparando suas imagens reais com as idealizadas por elas. O instrumento utilizado na pesquisa foi um questionário com escalas, composto por 65 afirmações que permitiram a identificação de três dimensões para a análise da imagem corporal – o self estético, que diz respeito ao gosto das atletas em relação às roupas e vestimentas; o self público, que se refere a “o que eu considero que os outros pensam em relação ao meu corpo”; e o autoconceito corporal, que diz respeito às visões sobre o próprio corpo e suas partes.

Como resultados, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes entre as imagens real e ideal em 35 das proposições do questionário, o que comprova que, para se manterem no esporte de alto rendimento, as atletas devem perpetuar características estereotipadas como femininas, mesmo que estas se choquem com as necessidades corporais de suas modalidades. Para os pesquisadores, o corpo feminino no esporte precisa ser cada vez mais estudado, para que, compreendido, não sofra mais com discriminações que acabem inibindo o potencial e a própria condição feminina no esporte de competição.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br