ISSN 2359-5191

29/05/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 10 - Sociedade - Instituto de Estudos Brasileiros
Seminário mostra o geógrafo Mário de Andrade

São Paulo (AUN - USP) - Quando se pensa na figura de Mário de Andrade, logo vem a imagem do escritor modernista que participou ativamente da Semana de 22. No entanto, sua obra não se delimitou apenas ao campo da literatura, mas também deu enorme contribuição a variadas ciências. O seminário “Mário de Andrade geógrafo a partir de O Turista Aprendiz”, que será apresentado pela professora Telê Porto Ancona Lopez no dia 24 de junho, é uma boa oportunidade de conhecer um pouco mais a respeito de uma das “faces” desse grande estudioso da cultura brasileira. O evento ocorrerá no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e deverá contar também com a presença da antropóloga Lygia Segala, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que virá debater as relações entre imagem e viagem na obra do fotógrafo francês Marcel Gautherot, que foi contemporâneo a Mário de Andrade.

O seminário faz parte das atividades do Gipehge (Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Epistemologia e História da Geografia), coordenado pela professora Heliana Angotti Salgueiro. Telê Ancona deverá centrar a discussão nas chamadas duas viagens de “descoberta” do Brasil feitas por Mário de Andrade nos anos de 1924 e 1927. A segunda excursão, em que Mário e um grupo de amigos passaram durante três meses por extensos trechos da Amazônia brasileira e até pelo território do Peru, serviria de base (a partir de anotações sobre a fauna, a flora e os costumes dos povos da região) para que ele escrevesse o livro O Turista Aprendiz.

A obra que funcionará como um guia da apresentação traz um título curioso se for considerada a noção atual que se tem da palavra “turista”. A professora explica que naquela época “não havia esta conotação atual da pessoa que chega a algum lugar correndo e mal olha ao seu redor”. O turista do início do século era como um viajante que descobria diferentes aspectos do local visitado, mesmo que não tivesse qualquer especialização. Neste contexto de enxergar o Brasil como um “aprendiz”, Mário de Andrade escreveu várias crônicas entre 1928 e 1929 após haver percorrido grande parte da região Nordeste. Segundo Telê, essa viagem também tem uma importância fundamental para o entendimento da Geografia humana brasileira.

Como a proposta do IEB é defender a interdisciplinaridade, já havia algum tempo que Telê Ancona e Heliana Salgueiro vinham mantendo contato e trocando experiências sobre suas áreas de estudo. O convite feito por Heliana Salgueiro para que a professora Telê preparasse o seminário inclui também sua participação através de um artigo na obra coletiva Um Século de Geografia Humana no Brasil, que viria ao público em abril de 2003. Embora ainda não esteja de fato confirmada a realização dessa obra, Telê Ancona já tem em mente que vai abordar, na parte que lhe couber, o relevante papel que Mário de Andrade teve nos estudos geográficos em geral, ou seja, o artigo seria um aprofundamento dos temas a serem apresentados no seminário.

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