ISSN 2359-5191

28/04/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 03 - Saúde - Faculdade de Medicina
Fator racial pode determinar causa de demência e de Alzheimer

São Paulo (AUN - USP) - Uma pesquisa desenvolvida entre a USP e parceiros em Cuba e Inglaterra investiga a relação entre a demência e Alzheimer e um gene chamado EPOE-e4 que, provavelmente condicionado pelo fator racial, aumenta as chances de a pessoa portadora desenvolver as doenças. Esse gene é proporcionalmente mais freqüente na população idosa dos países em desenvolvimento do que na Europa e nos Estados Unidos. Paradoxalmente, alguns estudos feitos em países menos desenvolvidos na África e na Ásia mostraram prevalências menores das patologias do que em países mais desenvolvidos, mesmo considerando a diferença da estrutura etária da população, visto que em países em desenvolvimento a população é mais jovem. “Além disso, em algumas populações africanas não foi observado aumento de risco de demência e Alzheimer em portadores do gene, embora sua prevalência não seja menor, o que significa que possam estar agindo ou fatores ambientais ou genéticos, relacionados com a etnia”, acrescentou um dos pesquisadores.

Daí que a pesquisa é desenvolvida em populações miscigenadas do Brasil e de Cuba justamente para se esclarecer a possível interação entre o gene e a mistura racial porque o fenômeno de miscigenação é muito mais antigo e muito mais contínuo nesses países, e mais do que isso, com uma herança predominantemente africana e européia. “... as populações do Brasil e de Cuba são propícias para se estudar se existe uma relação entre o efeito do gene e o grau de miscigenação, por se tratar de populações com alto grau de miscigenação e heterogeneidade no nível de miscigenação. Por outro lado, se o resultado for negativo, apontará para fatores ambientais”, esclareceu professor Menezes.

O professor realçou a importância desta pesquisa acrescentando que só o fato de as pessoas terem a consciência de que a demência e Alzheimer são uma patologia, já é um avanço, “nos países em desenvolvimento, com freqüência as pessoas pensam que a demência, caracterizada por esquecimento, confusão e outras alterações, faz parte do processo normal de envelhecimento, isso é errado”. Com a conscientização da sociedade poderá se pensar progressivamente em necessidades de serviços de saúde adequados, ajudando essas pessoas e as responsáveis por elas, pois quem desenvolve essa doença acaba morrendo antes do que morreria se não a tivesse.

No Brasil, a pesquisa se encontra em fase de trabalho de campo, tendo já sido incluídas mil pessoas, de um total previsto de duas mil com 65 anos ou mais. Em Cuba, pretende-se que o universo seja um pouco maior. Apesar do processo lá ter se iniciado um pouco depois, deve encerrar-se em período próximo ao trabalho no Brasil.

A pesquisa é desenvolvida numa parceria entre a USP, pelo professor Paulo Rossi Menezes, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina e diretor do núcleo de Epidemiologia do HU, Homero Pinto Vallada e Márcia Scazufca, professor associado e pesquisadora, respectivamente, ambos do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina; a Universidade Médica de Havana; a Universidade de Londres; e a Universidade de Liverpool.

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