Sensores biológicos

Cientistas têm descoberto que não apenas os vagalumes e outros grupos de animais são capazes de emitir luz (bioluminescência), mas também os cogumelos o fazem. No mundo são conhecidas 71 espécies de fungos luminescentes, estando 21 delas no Brasil. O mecanismo que faz cogumelos e vagalumes brilharem levou a estudos como forma de uso na detecção da contaminação do solo por metais.

A bioluminescência é um mecanismo utilizado pelos fungos para atração de animais noturnos, que ajudam a dispersar seus esporos. Esta habilidade adaptativa seria especialmente importante em florestas fechadas, onde a dispersão pelo vento não é possível.

Em ensaios químicos realizados em laboratório, pesquisadores da USP definiram a substância responsável pela emissão de luz pelos cogumelos: enzimas chamadas luciferases oxidam uma substância (luciferina), liberando energia na forma de luz.  A reação enzimática da bioluminescência foi primeiramente observada em 1885, pelo fisiologista francês Raphaël Dubois, documentada em 2006 no livro “Bioluminescence”, do farmacêutico Osamu Shimomura.

No experimento, 3 espécies de fungos luminescentes encontradas na mata atlântica foram cultivadas em placas de vidro, em condições controladas. Depois de um período de 10 dias é possível detectar a emissão de brilho, ainda que não estejam completamente desenvolvidos. O pesquisador mede então a luminosidade emitida em cada uma dessas placas e deposita ali uma pequena amostra de solo a ser analisado. Decorridos 24 horas, verifica-se a intensidade de luz emanada pelo fungo. Este passará a emitir menos luz caso a amostra esteja contaminada, o que os químicos interpretam como uma forma de dano ao organismo.

No experimento foram utilizados 11 metais diferentes: cálcio, sódio, magnésio, cádmio, cobalto, manganês, potássio, lítio, zinco, cobre e níquel. Não é necessário quantificar precisamente sua concentração no meio. A simples redução no brilho emitido pelos fungos já alerta para quantidades acima do normal na amostra analisada.

Segundo Cassius Stevani – químico responsável pela pesquisa – o fungo utilizado (Gerronema viridilucen) é pouco sensível à condições adversas, sendo necessário buscar espécies que possam fornecer melhores resultados, quando testadas da mesma maneira.

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Fonte dessa notícia: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4047&bd=1&pg=1&lg=

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