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Ensaios Coreográficos: um espaço de encontro para artistas convidados compartilharem o que os leva a agir/conhecer dança e investigar como se dão as conexões com os corpos. Um espaço para provocar conversas e captar, nos gestos e falas, os encadeamentos de um discurso do corpo que se organiza em dança.

Os cinco encontros reúnem dois artistas e um mediador para a apresentação de ensaios abertos – para revelar algumas das especificidades dos artistas – e debates sobre os  diferentes modos de organização e de como se dá a mediação entre linguagem, artistas e público.

É próprio à arte questionar  a si mesma, em constante desconfiança de sua existência como linguagem autônoma. O que move um pensamento que nos leva a nomeá-lo coreografia? Que atravessamentos se implicam entre termos como dramaturgia, coreografia, composição coreográfica, instalação coreográfica ou corpo-instalação? Se para alguns o termo coreografia já não dá conta dos atuais modos de organização, outros o defendem enquanto estratégia de resistência. Estas são algumas das questões que permeiam a linguagem da dança hoje.

Mais que nunca, o corpo hoje é político. A experiência artística gera modos singulares de se perceber/reinventar o corpo. Movendo-se entre possibilidades de acordos, a criação na dança provoca processos organizativos a partir de intervenções do corpo no meio – que nunca é o “outro”, o “fora”, o “lugar passivo”, pois não existimos fora dele. A comunicação se dá no fluxo, e constrói assim novas possibilidades de existência. Os Ensaios Coreográficos propõem um espaço de encontro para tentar compreender as ações que organizam e criam, , a partir da dança, as visibilidades dessas experiências distintas.

17/10 (quarta) Zumb.boys // Vera Sala
Zumb.boys: Entre Toprock e Bases / Estudo que acompanha as criações do Zumb.boys como procedimento de criação e investigação de corpos e estruturas, tendo por base de pesquisa a dança breaking. O intuito é olhar para o que está no “entre”, que no breaking significa a busca de singularidade da pessoa que dança, uma corporeidade construída na investigação individual.

De Ermelino Matarazzo, zona leste da capital, o Zumb.boys conta com 15 anos de existência, dos quais 11 dedicados a uma intensa pesquisa cênica. Os resultados disso foram a criação de uma metodologia própria para treinos de dança urbana (o Método Zumb.boys), 5 espetáculos (B.E.C.O. [B.boys em Construção Original], Dança por Correio, Ladrão, O que se rouba e Mané Boneco), com os quais o grupo visitou mais de 60 cidades, e diversos prêmios.

Pequenos Estudos para não Morrer / Que dança é possível dançar? Como ativar novas dobras, criar outras poéticas e políticas nos modos de existir/resistir/dançar? Como recolher testemunhos desta dança e dançar n(os) seus destroços nos tornando estrangeiros de nossas certezas? Nas incertezas, dissoluções, rupturas, vazios é que acontecem os processos de criação. Sem tempo, sem fim, sem começos. O que emerge como uma nova dobra ou desvio de determinada configuração artística, nasce na dissolução do que existia.

Criadora e pesquisadora em dança, Vera Sala tem desde 1987 um percurso de pesquisa e criação artística. Desenvolveu as instalações coreográficas ou “Corpo Instalação”, uma pesquisa como o corpo transborda-se em qualidades de espacialidade na composição de ambientes, modificando-os e sendo modificado por eles. É professora da PUC-SP desde 1999. 

Mediação de Diego Marques, performador, professor e pesquisador. Graduado pela PUC-SP, com mestrado na UNESP), é doutorando do PPGAC-ECA-USP. Desenvolve o projeto artístico-pedagógico Erratórios.

18/10 (quinta) Raul Rachou (mediador) / Mariana Muniz // Marcus Moreno
Estudos para A um Passo da Aurora / Estudo para obra coreográfica inspirada pelo artista, músico e maestro Guilherme Vaz. Um mergulho corporal nas águas e paisagens sonoras do autor, num convite à escuta dos maracás, do silêncio e do imaginário simbólico indígena brasileiro.

Mariana Muniz é artista da dança e do teatro com extensa trajetória artística e vários prêmios da crítica especializada, em dança e teatro. Atualmente, faz a circulação do solo de dança Fados e Outros Afins, pelo ProAc /2018 e participa de montagens teatrais com o grupo Tapa. 

 Ensaio sobre a Neve Marinha / Há algo sobre memória, mas sem que esta possa ser tocada. Há algo sobre a passagem do tempo, um tempo incomensurável, diluído.  Animais morrem. Plantas morrem. Fuligem. Escória. Restos. A neve marinha precipita em direção às zonas mais profundas do oceano. A água continua a mover.

 Artista da dança e gestor cultural, Marcus Moreno tem formação em artes do corpo e especialização em Técnica Klauss Vianna pela PUC-SP.  Desenvolve estudos voltados às temporalidades e produção de imagens a partir do corpo, com a improvisação como ponto de partida de trabalhos como A Flor da Lua (2016) e Estudo para o Encontro (2017).

Mediação de Raul Rachou, que desde 1993 é intérprete-criador do Musicanoar, que se apresentou em 2017 no TUSP com Nufricar, premiado com o Denilto Gomes.

19/10 sexta-feira / GRUA // Sandro Borelli
SETe / Uma convocação à percepção para o outro na experiência do encontro. Afeto, vulnerabilidade. Sete homens. Juntos? Como? Corpos plurais, atentos às diferenças, que se dispõem ao sensível como possibilidade de questionar seus fazeres, de performar uma ação, de performar um comum.

Desde 2002, o GRUA – Gentleman de Rua traz, já em seu nome e proposta, um pensamento sobre a relação com a cidade: artistas que acompanham os acontecimentos no entorno e desbravam o encontro entre dança e espaço urbano, em um afinado jogo de improviso entre os intérpretes e os fluxos locais. O arquétipo do terno escuro é um marcador estético, figurino-aparato que é constante conceitual desde as primeiras experiências nas ruas.

Balada da Virgem: em nome de Deus. / Inspirado na figura de Joana D’Arc, através da dança, a energia revolucionária movida pela fé em nome de Deus e de uma causa é levada ao palco. Neste universo, as noções de tempo e espaço são alteradas. É um lugar onde a loucura, a transgressão e a opressão foram transformados em combustível necessário para a perpetuação desta dança.

Artista da dança e militante político da arte e cultura, Sandro Borelli dirige a Cia. Carne Agonizante, criou a revista Murro em Ponta de Faca e o canal Murro TV, coordena com Vanessa Macedo o Kasulo – Espaço de Cultura e Arte e é o atual presidente da Cooperativa Paulista de Dança. 

Mediação de Luciana Bortoletto, coreógrafa, intérprete e improvisadora. Dirige o …AVOA! Núcleo Artístico e idealizou o GIRE – Grupos Independentes em Rede. Recebeu o prêmio Denilto Gomes em 2013.

20/10 sábado / Wellington Duarte // Eliana de Santana
siTuação 3: pOsição amOroSa (Wellington Duarte e Daniel Fagundes) / Uma investigação de atrito e deslocamentos, distância do relacionamento sem consolo, posição invertida, corpos liquidificados, sexo, plexo, sangue, corpo, desejo, desterro. O lugar do desejo é o mesmo da tensão. Um diálogo com com a obra homoerótica de Hudinilson Jr, parte de uma série em construção que faz evocação direta ao corpo e suas capacidades e potências, a fim de instaurar um caráter insurgente no corpo.

Wellington Duarte é diretor, bailarino e performer desde 1990 em São Paulo. Atualmente dirige o Núcleo EntreTanto. Investiga em seu fazer qualidades corporais que vão além de temas pontuais e tem elaborado propostas experimentais da fisicalidade, conectando lógicas, pensamentos e questões insuspeitas no corpo.

Sem Título / estudo para peça de dança a partir dos pensamentos estéticos da pintora Agne Martin e da pianista e compositora Alice Coltrane, e do que estas artistas evocam para a criação de seus trabalhos: o vazio, abolição, negação e desnudamento.

Eliana de Santana, artista da cena e intérprete de dança, inicia-se no teatro em 1984. Em 1996 estreia seu primeiro trabalho autoral, Tragédia Brasileira. Com Chica da Silva: Um Esboço, é contemplada com o Prêmio Funarte de Dança Klaus Vianna. Com … e das outras doçuras de deus, inspirada em Clarice Lispector, recebe o Prêmio APCA de 2011.

Mediação de Tica Lemos, graduada pela School of New Dance Development, de Amsterdã, e introdutora do Contato Improvisação no Brasil. Fundadora, diretora e intérprete-criadora do Estúdio Nova Dança e da Cia Nova Dança, e criadora do projeto e coletivo Juanita.

21/10 domingo / Vanessa Macedo // key zetta e cia
Dança para Camille / Fragmento de Corpos Frágeis (2010) que em 2018 torna-se um dueto independente, dançado por duas mulheres. A vida e obra de Camille Claudel são fontes de inspiração. Em cena, a performatividade do feminino. Corpos sós, acompanhados de seus duplos.

Vanessa Macedo é coreógrafa, bailarina, pesquisadora e professora, fundadora da Cia Fragmento de Dança, na qual coreografou e dirigiu 16 trabalhos. Idealizadora e curadora do evento permanente “Terça Aberta no Kasulo”, participa também da organização do “Movimento a Dança se Move”, atuando na área de políticas culturais.

RISO – seguinte / A partir do processo de RISO, última peça do grupo, retomando estudos, temas e propostas surgidos durante o processo. O transbordamento do riso no corpo ou do corpo em riso.

O núcleo key zetta e cia. surgiu a partir do desejo de construir um espaço que possa agregar dançarinos e artistas colaboradores, viabilizar diálogos e pesquisas de linguagem com foco no pensamento em dança e suas possíveis inter-relações. Em sua trajetória realizou cerca de doze peças e recebeu alguns dos mais importantes prêmios e apoios para pesquisa e criação em dança.

Mediação de Andréia Nhur, atriz, bailarina, pesquisadora e professora da ECA-USP, integra o Grupo Pró-Posição e o Katharsis Teatro. Em 2017, com Peças Fáceis, com o qual se apresentou no TUSP, foi finalista do Prêmio APCA de melhor espetáculo e recebeu o Denilto Gomes de intérprete.