|
|
|
|
|
|
especial |
|
|
|
|
Motivos para comemorar
|
|
O
Brasil vive um momento de crescimento no ensino e divulgação
de ciências. O complexo midiático da CCS, onde se inclui
a Agência USP de Notícias, está plenamente
inserido nesse contexto |
|
|
Por Flávio Dieguez e André Chaves de Melo * |
|
|
Apesar de ainda amargarmos a perda de José Reis, pioneiro da divulgação
científica nacional, o momento não é de tristeza, mas de comemoração.
Isso porque uma série de iniciativas inéditas indicam que o Brasil
está vivendo um amplo processo de crescimento do ensino e da divulgação
de ciências.
É um movimento amplo, no qual a sociedade só tem a ganhar. Nesse
momento mesmo, estamos às vésperas do I Congresso Internacional
de Divulgação Científica, marcado para os dias 26, 27 e 28 de agosto,
sob o patrocínio da USP, do Instituto Biológico e da recém-fundada
Associação Brasileira de Divulgação Científica (Abradic). Paralelamente
tivemos, em abril, na cidade de Brotas, interior de São Paulo, a
inauguração do Centro de Estudos do Universo, o CEU, um núcleo de
educação científica-astronômica.
São indicadores recentes. O programa Educação para a Ciência, do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
recebeu, em 2001, R$ 5,2 milhões. Outros R$ 9,8 milhões foram destinados
pelo CNPq para a implantação dos 17 Institutos do Milênio, em boa
parte para divulgar novos conhecimentos. A Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em 2000, já havia tomado
iniciativa parecida, com os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão
(Cepids).
Com relação ao jornalismo científico, há muitas novidades. A Fapesp
criou o Mídia Ciência, programa de formação na área, e colocou nas
bancas sua revista, a Pesquisa Fapesp, que tem um orçamento de R$
1,5 milhão anual e passou de 24 mil para 30 mil exemplares.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vai lançar,
este mês, durante sua 54ª Reunião Anual, em Goiânia, o novo projeto
editorial da revista Ciência e Cultura. E no mês passado, fomos
brindados com o lançamento da versão brasileira da Scientific American,
uma das melhores revistas de divulgação científica do mundo.
O Laboratório de Jornalismo da Unicamp (Labjor) vai lançar, no próximo
ano, um mestrado na área e disponibilizará, na Internet, o maior
banco de dados brasileiro sobre os índices da ciência e tecnologia
na mídia nacional e análises baseadas em pesquisas sobre o poder
difusor e conscientizador dessas ações junto à sociedade.
No cenário internacional, também temos novidades. O Brasil foi escolhido
recentemente para sediar, em 2005, o 5º Congresso Mundial de Centros
e Museus de Ciência, que ocorrerá no Rio de Janeiro. A Associação
Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), que recentemente
recebeu R$ 450 mil do CNPq para a criação de um portal da área na
Internet, com estréia prevista para 2003, ficou encarregada de organizar
o evento. E ainda, em novembro desse ano, será realizado, na Universidade
do Vale do Paraíba (Univap), situada em São José dos Campos, São
Paulo, pela Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC),
o 3º Congresso Mundial de Jornalistas Científicos, junto com o 8º
Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico. Na ocasião, está
prevista a criação da Federação Mundial de Jornalismo Científico
(World Federation of Science Journalism).
A USP também tem contribuído para esse boom da divulgação
científica. No começo no ano, a Estação Ciência, lançou o livro
"Educação para a Ciência: Curso para Treinamento em Centros e Museus
de Ciência" e inaugurou, junto com o Instituto de Física, a disciplina
de graduação "Divulgação de Ciências Físicas e Naturais". É possível
que, até o final desse ano, sejam iniciadas as obras de construção
do setor de museus da Universidade, um local que irá unir os já
existentes Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) e Museu de Zoologia
(MZ), além de uma nova instituição, o Museu de Ciências, criado
no ano passado. E, ainda em tempo, a USP transformou a antiga sede
do seu Instituto Astronômico e Geofísico (IAG), situada no Parque
Estadual Fontes do Ipiranga (Pefi), o antigo Parque do Estado, no
Parque de Ciências e Tecnologia (Cien&Tec), que tem como objetivo
o ensino informal para o público leigo de muitas das grandes questões
da ciência.
Mas, algumas das maiores contribuições da Universidade para a divulgação
científica são pouco lembradas. Além das diferentes assessorias
de imprensa das diversas unidades, a USP conta com o trabalho dos
profissionais da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), um dos
maiores complexos universitários midiáticos do mundo, no qual a
Agência USP de Notícias se insere, juntamente com o Jornal da USP,
TV USP, Rádio USP, USP OnLine (o Portal da USP na Internet), gráfica,
o Banco de Dados - que coloca inúmeros repórteres em contato com
especialistas dos mais variados assuntos -, o Centro de Visitantes,
que fornece informações sobre o campus da capital e uma Divisão
de Marketing e Relações Públicas.
Entretanto, a CCS não deve ser entendida como um conjunto de mídias
voltado exclusivamente para a divulgação científica, na medida em
que todos os temas de interesse social encontram espaço em seus
veículos. Sua atuação, seu papel é o de buscar o novo, levando as
pesquisas, livros e discussões da Universidade para fora dos campi,
estabelecendo um canal direto de informação para a comunidade e
alimentando o questionamento crítico de nossa realidade.
*Os autores: Flávio Dieguez é físico e jornalista.
Foi editor-sênior da revista Superinteressante. Diretor da Associação
Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), atualmente é colaborador
das revistas Superinteressante, Capricho, Reportagem, Educação e
Galileo e do jornal Folha de S. Paulo. André Chaves de Melo é historiador,
professor e jornalista. Ex-repórter da Agência USP, atualmente trabalha
no Jornal da USP e também colabora com as revistas Superinteressante,
Educação, Reportagem, Galileo e com a Folha de S. Paulo. |
|
|
|
|