ISSN 2359-5191

16/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 04 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Geociências
Acompanhamento de geólogos poderia evitar o acidente nas obras do metrô

São Paulo (AUN - USP) - O acidente do metrô não pode ser atribuído a imprevistos geológicos ou pluviométricos, essa é a visão do geólogo Álvaro Rodrigues Santos. Numa palestra realizada recentemente no Instituto de Geologia da USP (IGc), Álvaro ressaltou a importância da geologia no planejamento e execução de obras de engenharia para evitar esse tipo de acidentes.

Segundo o geólogo, há muitos estudos acadêmicos sobre a geologia da região de São Paulo, abrangendo também o clima que, além de bem conhecido, não se portou de maneira atípica nos últimos meses. Por isso, atribuir o acidente a imprevistos nessa área seria falacioso. Álvaro ressalta ainda a importância da Geologia de Engenharia (GE), não só para o planejamento de obras como também para o acompanhamento, que ele aponta como uma das falhas na obra do metrô.

Desde que as obras públicas foram terceirizadas, o país, que já foi referência em engenharia durante as décadas de 60 e 70, teve um grande decréscimo de qualidade no ramo de construções. As empresas particulares não mantêm uma equipe técnica bem formada e permanente. O acidente, além de destruir a confiança que a população paulistana sempre teve no metrô, mostrou como o poder público perdeu sua capacidade de induzir a produção de tecnologia.

A forma como essas obras públicas são operacionalizadas hoje, só aumenta o risco de acidentes. No caso das obras do metrô, não era apenas uma empresa, mas um consórcio de muitas construtoras. Para piorar a situação, as grandes construtoras terceirizam muitos de seus serviços, o que transforma os canteiros de obras numa verdadeira babel. Resultado, o poder público, contratante, não possui ferramentas eficientes de fiscalização desse emaranhado de empresas.

Outro efeito dessa fragmentação, apontado por Álvaro, é que a empresa contratada para fazer o estudo geológico da região de uma obra, após a entrega do relatório de avaliação, não faz o devido acompanhamento e no caso das obras do metrô isso foi um ponto crucial. As empresas não deram ouvidos às reclamações dos moradores da região e a falta de acompanhamento deixou passar fortes indícios da possibilidade de colapso geológico. Por isso, o geólogo considera fundamental a atuação da GE não só durante o desenvolvimento dos projetos, mas também durante a execução; momento no qual ela pode aprofundar seus estudos.

A GE é o ramo da Geologia que pretende fazer a interface entre o meio físico-geológico e a ocupação humana. Conhecendo-se o meio e as aleis da natureza fica fácil entender os efeitos da ação do homem, esta é a filosofia da GE. Por isso Álvaro defende que os cursos brasileiros de Geologia, incluindo a da USP deveriam dar mais atenção para esta área, pois, além ser importante para o desenvolvimento tecnológico do país, a GE é uma das áreas que mais emprega geólogos no país.

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