ISSN 2359-5191

16/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 04 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Saúde Pública da USP atenta para a grande incidência de tuberculose em moradores de rua

São Paulo (AUN - USP) - Ao longo do ano de 2006, pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP realizaram um levantamento da incidência de tuberculose (TB) nos moradores de rua. Os resultados mostram que a taxa de incidência da doença nesta população é de 4% - número absurdo perto do 0,05% encontrados no resto dos brasileiros.

Coordenada pelo pesquisador da FSP, Rubens de Camargo Ferreira Adorno, a pesquisa contou com o patrocínio da Unesco, através do Ministério da Saúde. O estudo durou 14 meses, e levantou informações de usuários de albergues públicos, organizações sociais e 2704 pessoas contatadas nas ruas das regiões Sé e Pinheiros, da cidade de São Paulo.

Walter Varanda, orientando de Adorno e co-autor da pesquisa, conta que das 300 pessoas em que o exame de detecção da doença foi feito, 12 apresentaram o resultado positivo (4%). Ele explica o resultado colocando em cheque a situação de vulnerabilidade destas pessoas, e seu distanciamento do sistema público de saúde.

Em sua maioria, os moradores de rua não têm uma alimentação adequada, sofrem de estresse emocional (causado por fatores como desemprego e desestruturação da família) e têm alto consumo de bebidas alcoólicas. A convergência destes fatores compromete o sistema imunológico destas pessoas, e deixa a porta aberta para o causador da doença, o bacilo koch – transmitido pelo ar, no contato próximo com doentes ou portadores (o contágio com o bacilo não significa manifestação imediata da doença).

Os entrevistados também foram questionados sobre um diagnóstico e tratamento anterior da doença. No fim das entrevistas, a conclusão foi de que existe o histórico de 1 (uma) ocorrência de TB para cada 7,3 moradores de rua.

O distanciamento do sistema de saúde faz com que estas pessoas recebam um diagnóstico e tratamento tardios, reduzindo as chances de cura. A criação de uma unidade de referência em saúde voltada especificamente para esta população seria uma das medidas a serem tomadas para uma melhora do quadro. Este “mecanismo de saúde” teria que pensar na prevenção, nos cuidados e ir até estas pessoas, sempre considerando sua vulnerabilidade.

Atualmente, existe um programa de agentes comunitários que cuidam desta população. Mas sua ação é insuficiente pela falta de postos avançados que considerem algumas características singulares desta população, como a ausência de residência fixa, agenda e condições de administrar o uso dos próprios medicamentos.

Varanda frisa que o objetivo da pesquisa não é propor soluções ao problema, e sim levantar questões e dados que fomentem discussões em torno do tema. Segundo ele, a taxa de 0,05% de incidência de TB na população em geral já coloca o Brasil como 15º lugar entre os 22 países com maior incidência da doença. Sendo assim, o problema da tuberculose é grave e não deve ser esquecido, assim como a parcela de brasileiros que moram nas ruas não deve ser esquecida na hora da aplicação de medidas contra a doença.

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