ISSN 2359-5191

16/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 04 - Economia e Política - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Subsidiária da Petrobrás investe na revitalização da indústria naval brasileira
Transpetro forma parcerias com centros de pesquisa nacionais e direciona R$32 milhões em recursos

São Paulo (AUN - USP) - A Transpetro, subsidiária da Petrobrás, em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia, está investindo em centros de pesquisa nacionais, buscando iniciativas que visem à revitalização na indústria naval brasileira. R$ 32 milhões são direcionados a oito grandes projetos deste cunho, envolvendo, além da Escola Politécnica da USP (POLI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

O IPT possui o único laboratório adequado para realizar ensaios de navios e propulsores na América Latina. Carlos Daher Padovezi, diretor do Centro de Engenharia Naval e Oceânica do Instituto, afirma que, no entanto, tal laboratório foi construído nas décadas de 50 e 60, possuindo equipamentos e instalações ultrapassados. Assim, um dos vieses da parceria com a Transpetro é a recuperação e capacitação dos laboratórios da área naval do IPT.

O outro viés da parceria é a adesão de um projeto de Padovezi, criado no ano 2000, ao programa de revitalização da indústria naval brasileira. Tal projeto, CEENO (Centro de Excelência em Engenharia Naval), consiste na formação de um banco de dados, categorizando fornecedores nacionais de equipamentos para a construção de navios.

Num primeiro momento, o CEENO visa detectar as empresas, que já fabricam ou tencionam fabricar equipamentos, interessadas em aderir ao programa. Isso se dá através de um questionário disposto no site www.ceeno.com.br. A partir daí, é possível a classificação das empresas cadastradas, para que sejam escolhidas aquelas que possuam um potencial qualitativo de fornecedoras.

O segundo momento do cadastro é a criação de um catálogo diferenciado e mais detalhado. Padovezi afirma que esse catálogo remeterá, por exemplo, a sites que disponibilizem desenhos técnicos dos materiais oferecidos pelas empresas, assim como já acontece, eficazmente, no Japão. Dessa forma, os compradores têm acesso a todas as informações necessárias a respeito dos produtos das fornecedoras cadastradas.

O criador do projeto aponta o fato de que o fornecedor não consegue ir sozinho vender seus produtos para um estaleiro (indústria que constrói e repara navios e plataformas marítimas). Hoje em dia, o estaleiro funciona praticamente como uma “montadora”, contratando sistemas de serviços e peças já desenvolvidos. Os fornecedores, unindo-se num método de cooperativas, têm mais chances de oferecer seus produtos aos estaleiros.

Nacionalização para o país

Padovezi afirma que a revitalização da indústria naval brasileira promoverá, além da redução do preço das peças, devido à isenção de impostos para a construção naval, e da geração de empregos (a construção de quatro novos estaleiros em PE e RJ gerará de 10 a 12 mil empregos diretos), o fortalecimento da indústria brasileira com a agregação de valor a seus produtos. “Quanto mais você nacionaliza, mais dinheiro está ficando aqui [no país]. Mas é claro que não pode ser uma nacionalização forçada, como já se tentou fazer neste país. Com a nacionalização forçada, você é obrigado a usar peças nacionais, às vezes, de qualidade duvidosa. Aí, você penaliza quem está comprando. Você tem que nacionalizar e garantir que se produza uma peça com qualidade igual ou superior a uma importada.”

Outro aspecto salientado pelo pesquisador é o frete, a segunda maior conta paga pelo Brasil. “O transporte de quase toda a mercadoria que chega e sai do país é feito por companhias estrangeiras. O fortalecimento da indústria naval estimula a produção de uma frota nacional. A vantagem disso é que o dinheiro do frete será aplicado no Brasil e não no exterior.”

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