ISSN 2359-5191

16/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 04 - Saúde - Instituto Butantan
Nova vacina contra HPV está sendo desenvolvida no Butantan
A pesquisa está em fase inicial, mas deve gerar alternativa às vacinas importadas

São Paulo (AUN - USP) - O Centro de Biotecnologia do Instituto Butantan está desenvolvendo uma nova vacina contra o HPV (sigla em inglês para papiloma vírus humano). A pesquisa, que começou há dois anos, visa produzir uma alternativa às versões importadas da vacina, inviáveis de serem distribuídas pelo SUS (sistema único de saúde) devido ao seu alto custo.

São duas as linhas de pesquisa que pretendem chegar à versão brasileira da vacina. Em ambas a técnica é a do chamado DNA recombinante, a mesma que já é usada para produzir vacina contra Hepatite B no Butantan, e que consiste em inserir um fragmento do DNA de interesse, no caso o gene L1 do HPV, em outro fragmento de DNA chamado vetor. O DNA que resulta dessa “ligação” é introduzido numa célula hospedeira resultando em um clone recombinante.

O que difere as duas pesquisas é justamente a célula utilizada como hospedeira. Em uma linha são utilizados lactobacilos (bactérias); na outra, leveduras da espécie Pichia pastoris (fungos). O princípio é o mesmo: plasmídeos (moléculas de DNA) do DNA recombinante são inseridos nos lactobacilos ou na levedura fazendo com que essas bactérias e esses fungos expressem a proteína L1 do HPV. Essa expressão faz com que as células hospedeiras produzam partículas semelhantes ao HPV, porém sem o DNA viral, passando a ser designadas VLPs (Vírus-like particles, ou partícula semelhante ao vírus). As VLPs são reconhecidas pelo organismo que passa então a produzir uma resposta imune capaz de combater uma infecção do vírus original do HPV.

Segundo Paulo Lee Ho, Diretor do Centro de Biotecnologia, não se pode definir com precisão quando estas vacinas estarão disponíveis no SUS. Isso porque todos os testes feitos até o momento foram executados em pequena escala. Agora, é preciso determinar uma maneira de ampliar a produção da vacina. Em seguida, serão feitos os estudos clínicos (testes em humanos), para só então se iniciar uma produção em escala industrial. “Numa perspectiva otimista, ainda vai uns cinco anos”, disse Paulo quanto à conclusão da pesquisa.

Atualmente são comercializadas no mundo duas vacinas contra HPV, sendo que uma delas já está com venda autorizada no Brasil e a outra deve ser liberada em maio. Entretanto, elas não atendem à demanda da saúde pública brasileira devido ao seu alto custo.

Sobre o vírus

O HPV é um vírus que vive na pele e nas mucosas genitais tais como vulva, vagina, colo do útero e pênis. Existem mais de 200 subtipos de HPV, mas somente os tipos de alto risco estão relacionados a câncer do colo do útero. Segundo estudos recentes, de 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas são infectadas por HPV em algum momento da vida, porém a maioria delas elimina o vírus através do próprio sistema imune.

Apesar das vacinas já existentes e das que possam vir a surgir, é indispensável para prevenir o câncer do colo do útero que as mulheres façam o exame conhecido como papanicolau pelo menos uma vez por ano.

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