São Paulo (AUN - USP) - O buraco na camada de ozônio localizado sobre a Antártica permite a entrada de raios ultravioletas acima dos níveis normais para a região. Esses raios poderiam interagir com alguns compostos derivados de petróleo resultantes das ações humanas, tornando-os nocivos ao genoma dos animais da região antártica. As alterações no genoma desses animais poderiam prejudicar seu desenvolvimento, diminuir seu sucesso reprodutivo, gerar câncer e levá-los a morte.
Segundo pesquisa desenvolvida em laboratório pelo pelos professores Phan Van Ngan e Vicente Gomes, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, baixas concentrações de compostos orgânicos, inofensivos em seu estado natural, podem ameaçar a integridade do genoma de animais marinhos quando fotoativadas pela luz e por raios ultravioletas.
De acordo com o professor Vicente Gomes, ultimamente há o interesse em estudar os possíveis efeitos da atividade humana no ecossistema da Antártica, na fisiologia dos organismos e em seu DNA. As pesquisas da equipe avaliam a genotoxicidade e outros efeitos adversos que os poluentes podem causar.
Felizmente, os estudos desenvolvidos na baía do Almirantado, onde se localiza a Estação Antártica Brasileira “Comandante Ferraz”, não identificaram quantidade significativa de poluentes na Antártica, a não ser em pontos locais restritos. Entretanto, acúmulo desses compostos devido a ações humanas aliado aos efeitos adversos provocados pelas mudanças globais pode comprometer os ecossistemas duplamente.
A pesquisa desenvolvida em laboratório procura monitorar a qualidade do ambiente para evitar o aumento dessas substâncias futuramente e seus efeitos prejudiciais sobre os organismos.
Os estudos desenvolvidos pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo na Antártica estão inseridos na área da ecofisiologia. A ecofisiologia estuda os aspectos fisiológicos do animal em relação às suas adaptações ao ambiente. As pesquisas do grupo abrangem a comparação da ecofisiologia entre animais tropicais e antárticos.
As pesquisas científicas na Antártica tiveram início em 1983, segundo o professor Vicente Gomes, dentro do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e são financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de terem o envolvimento da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ministério do Meio Ambiente. O Proantar tem participantes de todo o Brasil em diversas áreas do conhecimento.