São Paulo (AUN - USP) - Enurese é um distúrbio que consiste na eliminação de urina durante o dia ou a noite por pelo menos duas vezes por semana durante três meses seguidos. Ela aparece em crianças com mais de cinco anos.
Enquanto o percentual de enuréticos em idade escolar é de 10%, essa porcentagem sobe para 32% quando considera-se apenas o grupo de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Esse transtorno aparece na primeira infância e pode acompanhar o indivíduo durante toda sua vida. Suas principais características são a inquietude, a desatenção e a impulsividade, que podem gerar problemas emocionais e de relacionamento nos pacientes.
Pais tendem a cuidar primeiro do TDAH e relegam a enurese dos filhos a segundo plano, mas a criança sofre por ser enurética. Ela tende a se isolar e é mais propícia à depressão e à ansiedade por causa da falta de controle da urina.
Por isso, Carolina Ribeiro Bezerra de Sousa, psicóloga e pós-graduanda do Instituto de Psicologia (IP) da USP, conduz um projeto de pesquisa que propõe tratamento gratuito da enurese em crianças de 6 à 11 anos com TDAH. O projeto é orientado pela professora Edwiges Silvares, também do IP e é desenvolvido em parceria com o Hospital das Clínicas da USP.
O paciente que já tem um diagnóstico de TDAH inicia o tratamento para enurese com a inscrição por telefone, quando é agendada uma entrevista de triagem com a psicóloga. Na entrevista, ele e seus responsáveis são ouvidos para elaborar uma avaliação da gravidade da enurese. Cerca de três semanas depois, inicia-se o acompanhamento psicológico quinzenal e o uso do alarme nacional de urina, o tratamento mais indicado para enuréticos, pois, como já foi constatado pelo grupo, apresenta 70% de sucesso na cura do distúrbio.
O aparelho foi criado por um projeto conduzido pela professora Edwiges em parceria com a Fapesp e a Faculdade Politécnica da USP e é uma caixa de alarme ligada a um “tapete” plástico com sensores muito suscetíveis à umidade. Quando a urina molha o tapete, o aparelho toca. A criança precisa acordar e terminar de urinar no banheiro até o ponto de não precisar mais usar o aparelho por conseguir discriminar a sensação de bexiga cheia e acordar sozinha.
Normalmente, o uso do alarme nacional de urina é recomendado por até 28 semanas, mas pacientes com TDAH têm um limite de até 32 semanas para seu uso. Isso porque o tratamento desse transtorno exige grande dedicação da criança e dos pais e concorre com a dedicação necessária para o tratamento da enurese.
O resultado esperado para a pesquisa é que os pacientes serão bem sucedidos, mas seu sucesso será mais demorado. A conclusão dos estudos está prevista para julho de 2010. O projeto encontra-se em fase de coleta de dados e aceita inscrições, que devem ser feitas pelo telefone (11)3091-1961. Mais informações sobre enurese estão disponíveis no site www.projetoenurese.com.br, mantido pelo grupo de pesquisa da professora Edwiges.
Alarme nacional de urina: aparelho usado no tratamento de enurese