ISSN 2359-5191

23/10/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 22 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Dispositivo reduz o custo de redes coletoras de esgoto

São Paulo (AUN - USP) - Estimulados pela situação no Brasil de grande carência em esgotamento sanitário, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo, na USP, buscaram desenvolver uma tecnologia de baixo custo. Criaram as redes coletoras de esgoto de baixa declividade dotadas de dispositivo gerador de descarga (DGD). Essa nova tecnologia é específica para regiões planas, como áreas costeiras e fundos de vale.

Segundo o responsável pela Seção de Saneamento Ambiental do IPT, Wolney Castilho Alves, as redes coletoras tradicionais, construídas segundo a legislação brasileira, são muito caras. Primeiro porque o esgoto escoa no tubo por gravidade, o que exige uma tubulação muito inclinada; dessa forma, a escavação precisa ser muito profunda em áreas planas. Segundo, como conseqüência dessa grande inclinação, é necessário haver um alto número de estações elevatórias de esgoto (EEE), que gastam muita energia e demandam freqüente manutenção.

De posse dessas observações, os pesquisadores desenvolveram o novo sistema. O DGD é abastecido de esgoto por um ramal predial. Quando o conteúdo no seu interior chega a um determinado nível, descarrega esse esgoto no tubo coletor. Isso gera uma onda de boa capacidade de transporte de sólidos, que permite o escoamento do esgoto da rede e a não deposição de partículas sólidas – que são as maiores responsáveis por entupimentos.

A grande vantagem é que com o DGD a declividade da tubulação é dez vezes menor que a dos tubos tradicionais. Com isso, o custo é de 20% a 27% mais baixo na implantação da rede, além de haver uma redução significativa do número de estações elevatórias necessárias – o que acarreta menos gasto com instalação, manutenção e energia.

Essa redução dos custos é importante devido à situação do Brasil, que tem baixo nível de redes coletoras e baixo percentual de tratamento de esgoto. Wolney apresenta dados do IBGE de que somente 35% da população urbana brasileira têm sistema coletor; os outros 65% têm soluções razoavelmente adequadas ou não têm absolutamente nada.

As conseqüências desse quadro em termos de saúde pública são desastrosas, além de afetarem muito o índice de mortalidade infantil. De acordo com estimativas do pesquisador feitas a partir destes dados, seriam necessários 200 mil quilômetros de redes coletoras para solucionar o problema nacionalmente. Porém, ele explica que o setor de saneamento há anos não recebe os recursos previstos – como linhas de financiamento para obras – para superar o déficit.

Talvez com a redução de custos proporcionada pelo DGD isso seja possível. Essa tecnologia está em fase de testes comprobatórios no Guarujá, em situação real, o que ainda tem exigido certos aperfeiçoamentos no sistema. Wolney afirma que já é, no entanto, um dispositivo comprovado para utilização, atualmente disponível para ser absorvido pelo setor industrial.

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