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Estruturada como uma espécie de palestra em que eventos históricos relevantes vão se sobrepondo a experimentações musicais, Feitiço de Soma, peça inédita da coletiva Rainha Kong estreia aqui no TUSP  em 10 de janeiro de 2024, com temporada GRATUITA até 4 de fevereiro.

Duas performers se encontram num palco iluminado, recortado por um símbolo de “+”. Aleph Antialeph e Nãovenhasemrosto reúnem-se para uma palestra, na qual refletem sobre suas próprias trajetórias relacionadas ao HIV, retomando a história do vírus e da epidemia de AIDS – fatos históricos como a Operação Tarântula, deflagrada nos anos 80 no Brasil ou a suposta descoberta de G.D., comissário de bordo canadense intitulado como “Paciente Zero”, supostamente tendo trazido o vírus para a América do Norte. Um avião cai no espaço. A racionalidade da palestra é engolida pelo Feitiço de Soma. As duas palestrantes, agora agentes deste feitiço, performam magias para curar-se do vírus infectando todes.

Desde o início da epidemia de HIV/AIDS no Brasil, na década de 1980, a estigmatização sobre os corpos que convivem com o vírus é impactada diretamente pela ideia de que apenas pessoas pertencentes às comunidades LGBTQIAP+ e/ou pessoas racializadas como não-brancas possam contrair o vírus – ideia midiaticamente estruturada naquela década, mas que ecoa até hoje. É daí que parte Feitiço de Soma, obra criada em 2020 por Aleph antialeph. “A peça compreende a história particular de alguém que recebeu o diagnóstico da soropositividade, mas ainda é sujeito da história dentro desse fluxo que se iniciou antes e que se prolonga para muito depois”, conta Aleph.

Na peça, há uma subversão da ideia tradicional da palestra, fazendo com que uma fala por vezes verborrágica vá dando espaço a um feitiço que conclama todas as pessoas para a questão do HIV, muitas vezes colocada como um problema pessoal e carregada de estigmas, como a da sujeira e da depravação.

“Existem indícios do feitiço desde o começo da peça, como uma carta de tarô gigante do Mago no centro do palco”, conta Aleph, reforçando que a obra vai aos poucos expondo elementos e signos que compõem a magia. Ao longo do trabalho, a DJ e produtora musical Nãovenhasemrosto, que está ao lado de Aleph no papel de uma interlocutora, traz elementos sonoros executados ao vivo na cena por Venus Garland (baterista) e Helena Menezes (baixista). A cena é composta ainda por danças executadas por Nata da Sociedade e oito TVs espalhadas no espaço que projetam gravações ao vivo, exibidas ao público em uma estética de VHS, além de sugerirem ações ao público por meio de uma função de teleprompter, já que a plateia é nomeada como a personagem Assistente durante a peça.

Sobre a Rainha Kong
Coletiva de teatro e performance fundada em 2016, em Campinas, dentro do curso de artes cênicas da Unicamp, está hoje sediada na cidade de São Paulo. O primeiro espetáculo da Rainha Kong, O Bebê de Tarlatana Rosa, estreou em 2016 na Unicamp e se apresentou no Festival Estudantil de Teatro de Belo Horizonte (FETO 2017), no Festival de  Teatro Universitário da UFRN (2017), no Teatro de Contêiner em São Paulo (2017), na Mostra Todos os Gêneros, organizada pelo Itaú Cultural em São Paulo (2018), no SESC Pinheiros (2022), nos SESCs Piracicaba e Campinas através da Semana de Arte Transviada – projeto contemplado pelo ProAC –, e, em 2021, realizou, com apoio da 36ª edição Lei de Fomento, temporada online nos teatros municipais paulistanos Arthur de Azevedo, Cacilda Becker, Alfredo Mesquita e João Caetano. Em 2019, Aleph antialeph, integrante da RAINHA KONG, foi contemplada com o edital ProAC nº 20/2019 para escrever e publicar a peça Feitiço de Soma, publicada pela editora Urutau. Em 2021, como parte do projeto As Histórias Vistas de Baixo, contemplado pela 36ª edição da Lei de Fomento, realizou três aulas públicas com Helena Vieira, Ferdinando Martins e Ave Terrena, todas disponíveis no YouTube no canal da Casa 1. Realizou também a oficina de performance As Histórias Vistas de Baixo, que contou com a participação de diversos atores e performers, provocações de Daniel Veiga, Pedrx Galiza e Lino Calixto e uma mostra na LGBTflix. Em 2022, também por meio da Lei de Fomento, a RAINHA KONG realizou temporada de 24 apresentações no TUSP e no Teatro João Caetano da peça Sarah e Hagar decidem matar Abraão, com direção de Diego Moschkovich. Em 2023, a Coletiva foi contemplada pela 16ª Edição Prêmio Zé Renato para produção e temporada de 20 apresentações de Feitiço de Soma.

Atuação: Nãovenhasemrosto e Aleph Antialeph • Dramaturgia: Aleph Antialeph • Direção e Encenação: Vitinho Rodrigues e Jaoa de Mello • Preparação Corporal: Helena Agalenéa • Iluminação: Felipe Tchaça • Sonoplastia: Nãovenhasemrosto • Figurino: Nilo Mendes Cavalcanti • Cenografia: Victor Paula • Assistente de Cenografia: Rey Silva • Contrarregra: Nata da Sociedade • Baterista: Venus Garland • Baixista: Helena Menezes • Designer Gráfico [Identidade Visual]: Samuel Alves de Jesus • Fotografia [Identidade Visual]: Pedro Jorge Afrop • Registro Fotográfico e Fílmico da Peça: Noah Mancini • Vídeo Streaming:  Vinicius Feitoza • Mediação dos Debates Públicos: Pisci Bruja • Assessoria de Imprensa: Márcia Marques (Canal Aberto) • Produção: Corpo Rastreado – Gabs Ambròzia

Feitiço de Soma | 10.01 a 04.02.24 | quarta a sábado, 20h; domingo, 19h
14 anos | GRATUITO | TUSP (R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo)