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Jerusalém de Nós surge da leitura de Leo Lama de um artigo publicado no jornal francês Le Monde pela professora israelense, Nurit Peled Elhanan, que perdeu sua filha de 13 anos em um atentado. No artigo a mãe que perdeu a filha, defende os palestinos e critica a política do Estado de Israel. A atitude comoveu o autor que partiu desse ponto para criar esta obra ficcional.

A peça, selecionada por edital, se apresenta na sala do TUSP na Rua Maria Antônia, entre 06 de outubro e 05 de novembro, às sextas e sábados, 21h, e nos domingos, 18h.

Tendo como pano de fundo o conflito de lados opostos nas grandes cidades, a peça Jerusalém de Nós conta a história de Nurit, uma professora universitária israelense, de cinquenta e poucos anos, que invade uma repartição pública em Jerusalém à procura da filha, desaparecida logo após um atentado no qual uma bomba explodiu. Assim ela imagina, mas tudo leva a crer que está confusa quanto à veracidade dos fatos. Desesperada, segurando um revólver, a mãe judia parece estar procurando sua identidade em um cenário de conflitos raciais, políticos e religiosos. Uma misteriosa recepcionista que tem como única função mexer em um computador acaba levando Nurit a profundas descobertas. Aos poucos o lugar se revela e a cada cena parece mais irreal. Fosse um sonho, mas não é, fosse um delírio, mas não é, fosse realidade, mas não é. E a matéria da representação é justamente o estado de não-ser, de não-espaço, de incerteza, de mistura. A peça se revela uma jornada em busca do lugar de escuta e do reconhecimento.

O cenário se constitui de apenas uma cadeira. Não há trilha sonora, nem iluminação. Tudo é baseado no trabalho interior das atrizes, em uma proposta filosófica do diretor Leo Lama, por ele chamada de “Atuante em Repouso”, em que as atrizes ficam paradas, sem nenhum gesto, a peça toda, produzindo a dramaturgia interna através da palavra imagética. Algo muito experimentado por Lama, com resultados surpreendentes.

Leo Lama, autor e diretor do trabalho diz: “Escrevi Jerusalém de Nós na tentativa de provocar diálogos que a meu ver são fundamentais nos dias de hoje. Em tempos de intolerância para com as diferenças e de perda da singularidade essencial, parece ser preciso o resgate do que é o ‘espiritual’, entendendo bem o que essa palavra quer dizer. No entender, uma verticalização para além dos moralismos, dos fanatismos e das construções ideológicas que se espalham infinitamente de forma horizontal e esticada demais. No lugar do antagonismo, a harmonia.

Temos visto uma acirrada disputa de narrativas, arquitetadas a partir das necessidades e dos interesses de determinadas facções que, além de virarem as costas para a História, como um instrumento de investigação científica da realidade, distorcem a mesma a seu bel prazer, falsificando acontecimentos em prol de seus objetivos políticos.

Jerusalém de Nós pretende levantar questões sobre os caminhos para a verdadeira democracia e para a verdadeira espiritualidade, conectada com o lugar de escuta e de reconhecimento, que resgata a dignidade humana e revitaliza o espírito de solidariedade.

Na intimidade de duas mulheres, Nurit e a Recepcionista, no útero do feminino, está em potência, a esperança de um renascimento constante. Fraterno e digno”.

Dramaturgia e direção: Leo Lama | Assistência de direção: Amanda Mantovani | Atuação: Elis Braz e Victória Camargo | Produção executiva: Aline Volpi

Jerusalém de Nós

06 de outubro à 05 de novembro | Sextas e sábados, 21h; Domingos, 18h.

75 minutos | 14 anos | 70 lugares | Ingressos: R$40/R$20, online via Sympla (https://www.sympla.com.br/jerusalem-de-nos__2176935) e na bilheteria 1h antes da sessão.

TUSP | R. Maria Antônia, 294 | V. Buarque | S. Paulo