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Com estreia em março no TUSP, Sarah e Hagar decidem matar Abraão é a nova peça da coletiva RAINHA KONG, em temporada aqui no TUSP até 17 de abril, de quinta a domingo. As apresentações integram o projeto As Histórias Vistas de Baixo, contemplado pela 36ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

Escrito por Tiago Viudes (ou Ti) e com direção de Diego Moschkovich, o texto procura retomar a fundação do patriarcado, de acordo com a bíblia. Para isso, a peça retoma o mito de Sarah, Hagar e Abraão, procurando outros ecos deste mito que não estejam sacramentados na perspectiva patriarcal com o qual ele é interpretado até hoje. Mais do que isso, a montagem traz a possibilidade dessa história ser narrada através da encenação de um elenco queer, interessado em romper com a perspectiva patriarcal, no teatro e no mundo. A montagem investiga o nascimento do monoteísmo e do patriarcado, ao mesmo tempo em que transporta as narrativas bíblicas para um futuro distópico, coberto de lixo.

 “Durante o processo de pesquisa percebemos que as narrativas da bíblia eram lacunares e, assim como uma peça de teatro, dependiam da interpretação de quem as contava, das pessoas que davam os sermões. Entretanto, quem são as pessoas que podem interpretar essa narrativa? Que corpos e instituições ocupam esse espaço? Mais do que criticar, queremos dar a nossa versão da história ou, talvez, apenas desmascarar o caráter de “verdade única” por trás das interpretações dos textos bíblicos”, afirma Jaoa de Mello, integrante do elenco e participante da atual edição da nova publicação do TUSP, Dramaturgias em Processo.

Segundo a Bíblia, Abraão foi o primeiro homem com o qual Deus firmou um acordo repleto de promessas. Nesse acordo, ele geraria e daria origem a uma enorme descendência, desde que se comprometesse a cultuar única e exclusivamente aquele Deus que lhe fazia promessas. A esposa de Abraão, Sarah, era, no entanto, infértil. Mas ela tinha uma serva egípcia chamada Hagar. Então, Sarah oferece Hagar para Abraão. Hagar dá a luz a Ismael. Assim, a história reservou a Abraão o posto de grande patriarca do monoteísmo. E o que a história reservou a Sarah? E o que a história reservou a Hagar?

A peça mescla a história contida no Gênesis com um futuro distópico que mostra uma terra já habitada por bilhões de pessoas e tomada por lixo. Neste futuro, são apresentadas as figuras de Fátima e Ishká. Ishká é uma senhora infértil, que não consegue gerar filhos para seu marido, Elias. No decorrer da narrativa, Ishká articula, junto de sua serva Fátima, a morte e o desmembramento de Elias, pois é só a partir desta ação que as duas podem aventar a possibilidade de saírem em busca do paraíso.

A dramaturgia tensiona a narrativa bíblica, proporcionando uma conversa direta com a ideia de uma ancestralidade queer e revisita personagens históricas e narrativas fundantes de tradições patriarcais – não para “atualizar” esses relatos sob um olhar contemporâneo, mas para considerar que a história dessas figuras pôde, de alguma forma, ter sido contada por outras vozes.

SOBRE A RAINHA KONG 

Desde 2016, a RAINHA KONG investiga intersecções de diferentes linguagens artísticas a fim de discutir questões LGBTQIAP+ cenicamente. O coletivo, oriundo do curso de artes cênicas da Unicamp, se coloca em cena enquanto ato político de resistência, mas também  questiona a construção de novas narrativas – a partir de histórias e corpos até então silenciados – na investigação e formatação de novas linguagens e formas de se pensar o fazer teatral, performático e artístico.

A primeira produção do coletivo, O Bebê de Tarlatana Rosa, reordena o conto homônimo de João do Rio em uma perspectiva queer, confluindo a narrativa do conto com depoimentos biodramáticos de integrantes do elenco. Além disso, a coletiva organizou diversos cursos e oficinas em parceria com artistas e coletivos LGBTQIAP+ como Casa1, Helena Vieira, Ave Terrena, Ferdinando Martins, Daniel Veiga etc.

 FICHA TÉCNICA  

Direção: Diego Moschkovich | Dramaturgia:  Ti | Elenco: Aleph antialeph, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues | Trilha Sonora e Operação de Som: Nãovenhasemrosto | Canção Original: Uma Pessoa | Desenho de Luz e Operação de Luz: Felipe Tchaça | Cenógrafia: Su Martins | Figurino:  Vicenta Perrotta | Confecção de Figurinos:  Ateliê Vicenta Perrota | Arte Gráfica: Aleph antialeph | Fotografias de Ensaio:  Carla Carniel | Coordenação de Comunicação e Assessoria de Imprensa:  Brenda Amaral | Redes Sociais: Thais Eloy | Coordenação de Produção: Bia Fonseca e Iza Marie Miceli | Produção: RK Produção

SERVIÇO 

Sarah e Hagar decidem matar Abraão

QUANDO? De 26/03 a 17/04 | quintas a sábados às 21h e domingos às 19h | em 25/03 estreia fechada para convidados | temporada a partir de 26/03

ONDE? no Teatro da USP [TUSP] – R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo – SP

QUANTO? R$10,00 | R$5,00 [meia entrada] | 10% da lotação da sala é reservada gratuitamente para pessoas trans [sujeito a lotação]

DURAÇÃO: 75 minutos

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Não recomendada para menores de 12 anos.