O processo de tradução intersemiótica se revela não somente como uma possibilidade de interação e diálogo eterno entre as artes mas também como uma ampliação de signos, imagens e sentidos. A literatura enquanto arte é campo fértil para esse processo de transcriação. Nesse sentido, o nosso artigo objetiva apresentar como ocorre a consubstanciação da literatura em cinema, da obra Campo Geral ou Miguilim, de Guimarães Rosa em Mutum, filme de Sandra Kogut, entendendo tal processo como fundamental para a revelação do olhar prismado do protagonista nesses dois sistemas significantes. Para tanto, utlizamos as teorias de Plaza, Pierce, Jakobson, entre outros pesquisadores da área.
Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução
Levando em conta que a multiplicidade de meios e dispositivos dão à contemporaneidade características híbridas e fluidas, proponho, neste trabalho, refletir sobre a contribuição da Semiótica e da Comunicação para os estudos da Tradução. Em um primeiro momento, fundamento nossa pesquisa ancorados em Peirce, Saussure e Eco para propor um modelo sígnico denominado Vórtice de Significação de forma a pensar a Tradução na contemporaneidade. Em um segundo momento, reflito sobre o romance Grande Sertão: Veredas (1956), de João Guimarães Rosa, e sobre a exposição de gravuras Exposition Grande sertão (2008), de Juraci Dórea. A seguir, ponho em prática o modelo teórico proposto por este trabalho. Seleciono dois trechos emblemáticos da oralidade relativa ao romance de Rosa, faço a locução interpretativa do texto, coloco esse arquivo na nuvem e traduzo-o em um link URL, que posteriormente também será traduzido em um QR Code. Quando o leitor deste trabalho libertar a gravação a partir da imagem, novamente, a experiência da oralidade toma corpo, emulando a experiência original do autor João Guimarães Rosa. Através desta proposta prática, o leitor deste trabalho vai participar ativamente do movimento sígnico instituído.
O objetivo deste trabalho é estudar as relações entre os signos textuais e visuais na
construção de uma narrativa do sertão no livro A João Guimarães Rosa (1969) da
fotógrafa Maureen Bisilliat. O livro contém fotografias das paisagens e habitantes do
norte de Minas Gerais acompanhadas de fragmentos do livro Grande Sertão:
veredas de Guimarães Rosa, que atuam como guia para uma ressignificação das
pessoas e locais retratados. Considerando a nação na perspectiva de Stuart Hall
(2001) e Homi Bhabha (1998), como um sistema de representações sociais que
constituem um tecido de múltiplas narrativas e tendo em foco a identidade nacional
brasileira, que tem no sertão uma de suas mais poderosas representações, buscase compreender como a fotografia de Bisilliat interage com os textos de Rosa na
construção de uma narrativa de identidade do sertão. A partir de Philippe Dubois
(2012) e Boris Kossoy (2016), discute-se a fotografia enquanto possuidora de uma
narrativa própria, que em Maureen Bisilliat, contribui para construir uma noção de
identidade sertaneja/nacional. Na análise, os elementos que compõe a narrativa de
sertão em Grande sertão: veredas foram identificados e classificados conforme a
Análise de Conteúdo de Laurence Bardin (2011). Com base na semiótica de Charles
S. Peirce (2010) e no mapa metodológico proposto por Lúcia Santaella (2002)
executou-se a análise dos signos fotográficos em suas dimensões icônicas e, em
posse dos parâmetros estabelecidos pelas análises de conteúdo e semiótica, foi
estabelecida uma relação entre os signos textuais roseanos e os signos
visuais/textuais da obra de Maureen Bisilliat. Observou-se, assim, que a fotógrafa
realiza uma iconização das imagens, a partir dos altos contrastes entre luz e sombra
e do acréscimo do texto de Rosa, que modifica o seu significado. Além disso,
percebeu-se a presença de um discurso sobre o sertão que se assemelha ao
historicamente construído, em que as características negativas deste se relacionam
a seu isolamento e atraso, enquanto as positivas indicam possibilidade da
superação da condição sertaneja.
Análise das transposições realizadas, para o vídeo e para o cinema, do conto "Famigerado", de Guimarães Rosa, além da análise da narrativa "Cara-de-Bronze" enquanto texto transemiótico. Para este estudo foram utilizados, sobretudo, os conceitos de transcriação, de Haroldo de Campos, e de transtexutalidade, de Gerard Genette. Também foi feito um lavantamento das transposições realizadas a partir da obra rosiana para o sistema de signos audiovisual um estudo comparativo das linguagens cinematográfica, vídeográfica e televisiva, entre si, e com a linguagem verbal.
Analisamos, através da semiótica, a relação entre música e literatura. Nosso objetivo foi explicitar, por meio da teoria semiótica, as relações existentes entre a obra Grande sertão: veredas e a cantata cênica Ser tão dentro da gente. Investigamos o processo de tradução intrasemiótica (entre mesmo signo), quando analisamos a parte verbal da cantata, em consonância com o romance, e a tradução intersemiótica (entre signos diferentes), quando analisamos as partituras da cantata em consonância com o romance. Foram analisados os quatro tempos da cantata, os quais foram nomeados pelas cores: vermelho, azul, verde e marrom. Tentamos apontar como o romance está representado nesses tempos e cores.