ISSN 2359-5191

17/12/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 99 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Idosos precisam de cuidados especiais

São Paulo (AUN - USP) - Profissionais capacitados exclusivamente para cuidar de idosos ainda são raros no Brasil. Enquanto o envelhecimento da população vem se acelerando, o país demora em adotar políticas ou programas específicos de formação de interessados em se dedicar à saúde da terceira idade. Na direção oposta, desde 1990 a professora Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, livre docente do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem, vem se dedicando à formação dos “cuidadores”, profissionais especializados nesse tipo de tratamento.

Yeda é pesquisadora do grupo “Saúde, bem estar e envelhecimento”, o SABE. Somente neste ano, através do SABE, ela ministrou dois cursos semestrais abertos à comunidade na Escola de Enfermagem da USP. Para o ano que vem, ela pretende oferecer quatro cursos, dois para a saúde geral dos idosos, e dois para idosos portadores de doenças demenciais. No primeiro semestre deste ano, a procura maior foi de pessoas ligadas a idosos enfermos, mas sem formação específica para lidar com eles. Já neste semestre, o curso reuniu enfermeiros e outros profissionais de saúde. “Desta vez recebemos diversos multiplicadores, que são os profissionais dispostos a aprender e também a ensinar outras pessoas a lidar com idosos”, diz a enfermeira. Além dos cursos, o grupo oferece workshops de primeiros socorros para os “cuidadores”.

Os estudos do SABE mostram que idosos, se não ficam sozinhos e isolados, têm sempre ao seu lado algum agregado da família ou então pessoas contratadas especialmente para cuidar deles. “O grande problema é que os idosos exigem cuidados especiais, e nem sempre essas pessoas conhecem as suas necessidades”, diz a professora. Até mesmo profissionais de saúde carecem desses recursos, como provou a audiência do último curso ministrado na Escola.

Segundo Yeda, a família geralmente não consegue dar ao idoso todos os cuidados que ele merece. “Os parentes conseguem suprir apenas cerca de 50% das necessidades dos idosos. Não é uma questão de os familiares serem bons ou ruins. A vida que eles levam impede uma dedicação adequada.”

O SABE também participa de um estudo promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde e financiado, em São Paulo, pela Fapesp. A professora diz que o envelhecimento nos países latino-americanos é diferente dos demais países, por condições geográficas e sociais. O estudo pretende investigar os fatores de risco e mudanças no padrão de envelhecimento da população. O primeiro levantamento foi realizado em 2000. No ano passado, o grupo voltou a entrevistar os idosos de São Paulo e os resultados mostraram que a tese inicial de que as pessoas têm vivido mais tempo e com menos qualidade tem se verificado na prática. Somente na capital paulista, 19% da população idosa precisa de algum cuidado específico. O número equivale a cerca de 200 mil idosos.

Yeda diz que doenças crônicas mal acompanhadas causam limitação. Os idosos podem precisar de ajuda com necessidades básicas como um simples trocar de roupas, necessidades instrumentais como fazer serviços domésticos ou necessidades avançadas, nas quais se enquadram atividades sociais e de participação. Para ajudar a população idosa, ela pretende implantar na Escola de Enfermagem uma central telefônica que deve funcionar 24 horas oferecendo orientações sobre como lidar com os idosos. A idéia atraiu a atenção da Prefeitura de São Paulo. Ainda neste mês, Yeda deve participar de uma reunião com membros da Secretaria Municipal de Saúde para a criação de uma central telefônica disponível para toda a cidade.

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