ISSN 2359-5191

19/06/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 12 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Fabricação de imagens determina valor de mercadorias

São Paulo (AUN - USP) - O jornalista e crítico de mídia Eugênio Bucci defendeu sua tese de doutorado “Televisão Objeto: A crítica e suas questões de método” na Escola de Comunicações e Artes (ECA). Durante a explanação de sua tese, Bucci afirmou que a fabricação da imagem das mercadorias e das imagens como mercadorias é hoje mais importante do que a fabricação dessas mercadorias anunciadas na televisão. Com isso, os consumidores compram a imagem e as significações dos produtos, e não os produtos por si só.

Para compreender melhor esse conceito, Bucci deu o exemplo de uma mulher que compra uma bolsa que custa 5 mil reais. Ela o faz para “marcar na significação daquela bolsa colada sob seu corpo a superioridade em relação aos outros, e assim ela goza”, excluindo as outras pessoas que não podem ter objetos como esse. Esse gozo imaginário, conceito introduzido por Bucci, agrega e determina o valor de troca das mercadorias, levando o telespectador a comprar os produtos anunciados na televisão pelo simples fato de eles serem valorizados aos seus olhos e aos da sociedade.

“Vendo televisão a gente percebe a fabricação da imagem da mercadoria que envolve trabalho e envolve compra de olhar social. A imagem da mercadoria se confecciona diante dos nossos olhos comprando nossos olhos por um espaço de tempo”, afirma Bucci. O olhar do espectador tem um custo, que é pago pelas agências publicitárias para expor seus produtos à audiência dos programas televisivos.

Quanto ao uso das imagens ao vivo nos programas televisivos, um dos temas principais de sua tese, Bucci afirma que elas corroem a idéia de cronologia. O que existe é uma amplificação do presente e uma perda da noção histórica, da cronologia evolutiva dos acontecimentos. “Nós vivemos num tempo de gerúndio, as coisas estão num acontecendo sem começo nem fim”, completa ele.

Para Bucci, seu trabalho foi condicionado pela experiência televisiva brasileira, pois somente aqui a televisão chega a estruturar e constituir o único espaço público, em que ocorrem os debates importantes para a sociedade. Ele chega a afirmar que o que existe é um telespaço público, dado pela instância da imagem ao vivo, “um local virtualmente posto em que se dão a comunicação, o vínculo social e o instante de reconhecimento dos brasileiros enquanto brasileiros”.

Para concluir, Bucci afirmou que “a crítica de televisão é hoje uma crítica da história, uma crítica da sociedade, uma crítica do poder e uma crítica do capital”. Por isso sua tese vem tentar delimitar o espaço da televisão, analisando a determinação do espaço público da sociedade brasileira.

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