Este trabalho tem o objetivo de apresentar o conto “A Terceira Margem do Rio” à luz da poética moderna. Para isso, é proposta uma pequena revisão da fortuna crítica da obra a fim de mostrar as suas limitações e a pertinência do caráter moderno nessa narrativa. A intenção é demonstrar o lugar de indeterminação da obra em que se apresenta um aspecto e seu contrário, impedindo qualquer fixação normativa de sentindo.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar o conto “A Terceira Margem do Rio” à luz da poética moderna. Para isso, é proposta uma pequena revisão da fortuna crítica da obra a fim de mostrar as suas limitações e a pertinência do caráter moderno nessa narrativa. A intenção é demonstrar o lugar de indeterminação da obra em que se apresenta um aspecto e seu contrário, impedindo qualquer fixação normativa de sentindo.
Neste texto, apresenta-se uma reflexão crítica sobre o conto A terceira margem do rio, com ênfase em seu caráter transcendente. O objetivo é mostrar que o aparente realismo do conto é perpassado por signos que propõem não apenas uma experiência estética, mas também religiosa. A dialogia e a intertextualidade são os principais recursos estilísticos empregados neste conto, que flui para a mística cristã.
Este trabalho pretende estabelecer uma análise do conto "A Terceira Margem do Rio", de Guimarães Rosa, baseando-se, principalmente, no trânsito entre as categorias do real e do irreal, o qual se dá ao longo do discurso do narrador. Além disso, tenciona-se apontar como essa proposta se estende à concepção do tempo, do espaço e das personagens. Também se busca relacionar o discurso que perpassa a narrativa com o fluir do rio, priorizando-se o aspecto essencialmente simbólico da linguagem.
Este artigo propõe abordar a presença de uma tradição da descontinuidade dentro do romance
Lavoura arcaica (1975), de Raduan Nassar, e do conto ―A terceira margem do rio‖ (1962), de João
Guimarães Rosa. A hipótese é de que ambas as obras mimetizam o choque entre a vontade do pai e o
desejo do filho. Dessa forma, tanto Lavoura arcaica como ―A terceira margem do rio‖ podem ser
tomados como textos que tematizam uma ruptura com a tradição familiar, interrompendo com isso o
fluxo vital de uma continuação, posto que os filhos, ao se escusarem à vontade do pai, também não
deixam descendentes, tornando-se estéreis. Como consequência tem-se o desaparecimento dos traços da
paternidade que testemunhariam uma existência, uma vez que os filhos seriam aqueles que protegeriam os pais da morte. Assim, a partir do instante em que se quebra esse fluxo contínuo instala-se uma nova tradição, calcada na descontinuidade.
O presente trabalho propõe-se a discutir algumas incidências referentes àtradição Zen do Budismo na obra do autor mineiro João Guimarães Rosa, mais especificamente no caso do romance Grande Sertão: Veredas (1994) e do conto "A terceira margem do rio", presente no livro Primeiras Estórias (1988). Tal preceito religioso e filosófico oriental reconhece uma realidade divina substancial para com a vida. O caminho do meio ou a terceira margem, na tradição oriental, diz respeito ao que está além do meramente dual, do ambivalente, do ambíguo e do maniqueísta. No princípio do "homem muito provisório" sertanejo, Rosa intenta na separação entre bem/mal, certo/errado, vida/morte e sim/não para transcender a sua obra do regional e do físico ao "terreno da eternidade", do metafísico e do universal, onde, no estado Zen de Bardo (entre dois), os seus personagens atingem a iluminação, momento epifânico que ronda os personagens de Riobaldo e do Filho nas obras supracitadas. Assim, os dois textos ora analisados se inserem nos estudos místico-esotéricos encontrados na fortuna crítica do autor, como bem nos mostrou Benedito Nunes n'O Dorso do Tigre (1969); Suzi Frankl Sperber, em Caos e cosmos: leituras de Guimarães Rosa (1976); Consuelo Albergaria no Bruxo da Linguagem no Grande Sertão (1977); Francis Utéza, em JGR: Metafísica do Grande Sertão (1994); e Heloisa Vilhena de Araújo, n'O Roteiro de Deus: dois estudos sobre a obra de Guimarães Rosa (1996). Desta feita, nos basearemos nos tratados da tradição do Zen Budismo pesquisados por Maria de Lourdes dos Santos em Síntese do Budismo (2003) e por Celina Muniz de Souza em O Taoísmo (1986). Ademais, o compêndio intitulado A Filosofia Perene (2010), de autoria de Aldous Huxley, será de extrema relevância para a configuração do lado místico do incondicional mediante a vivência agonizante das personagens de Guimarães Rosa.
No conto de Guimarães Rosa, “A terceira margem do rio”, encontramos a história de um homem que decide viver seus dias numa canoa de pau. Seu filho, numa mistura absorta de encantamento e confusão, o acompanhará, mesmo que de longe, até o momento em que, à beira do rio presencia a passagem do pai à terceira margem, a margem do não-óbvio, do não-dado, a margem que transcende o cotidiano e o rotineiro. O presente trabalho busca fazer uma leitura comparativa entre o conto rosiano e as teorias antropológicas acerca dos ritos de iniciação. Van Gennep serve de base teórica para nossa leitura que entende a literatura como instrumento capaz de retratar os momentos limites da existência humana. O conto fala de uma iniciação pela qual passa todo aquele que busca viver sua vida para além do cotidiano, muitas vezes assumindo características religiosas, perpassando assim por questões tratadas pela religião e pela antropologia e vivenciadas também pela literatura.
O conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, está publicado no livro Primeiras Estórias e já recebeu inúmeras leituras críticas, montagens artísticas, performances, foi cantado também por Caetano Veloso e Milton Nascimento. Neste artigo, invertendo o que ocorre no conto, é a perspectiva da escolha do pai que será examinada, em diálogo com a canção “Margem” do músico paulista Beto Furquim que recria essa mudança de ponto de vista; também será estabelecido um diálogo com o conto “Sonho de uma flauta”, de Hermann Hesse. Se essa narrativa pode ser lida como abertura ao contingente e espera angustiante do ponto de vista do filho, é possível pensar que do ponto de vista paterno tal escolha não tenha a mesma dimensão, pelo contrário, o pai mantém-se fiel à sustentação do seu desejo: ainda que o rio e a canoa signifiquem, para ele, a solidão, o silêncio, sua desconstrução, são também a sua jornada. A canção é o barqueiro desta navegação. A partir dela e de sua força lírica, vão se fiando e desfiando os fios do rio que a terceira margem obriga navegar.
Este estudo analisa o conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa, à luz do Barroco. Este conto aproxima-se do drama barroco (Trauerspiel) alemão do século XVII, que foi estudado por Walter Benjamin em uma de suas obras mais importantes. As semelhanças entre o conto e o teatro barroco ajudam a entender um pouco mais o conteúdo tão enigmático do texto de Rosa. Tal aproximação tem como ponto central a noção de alegoria, e esclarece a relação do Barroco com a modernidade.
“Na terceira margem do rio”, de Primeiras estórias, o ato radical de um homem que se muda para o meio do rio interroga a normalidade e incita o filho a seguir o mesmo percurso, lançando-se ao mesmo paradoxo: partida e permanência num não-lugar. O mito, inillo tempore, revém mediado nessa narrativa sob uma tônica trágica, quan do o homem não é dono de seu destino. O trânsito para essa terceira margem suspende a História, sem reverter, entretanto, uma situação sem saídas: a revelação mítica de uma outra esfera do real surge com o reposição de impasses e paralisia. Simultaneamente, para além das angústias pessoais daquele que não consegue seguir um caminho que se lhe a presenta obscuro e terrificante, o desenho de gestos análogos a ritos que não se completam parece apontar, no conto, para um contexto mais amplo.
O artigo tem por objetivo estabelecer uma análise comparativa entre o conto A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa, com Terra Sonâmbula, primeiro romance do moçambicano Mia Couto. O tema em que a análise se centra se refere às travessias, lugares e não lugares presentes em ambas as histórias; tanto no que diz respeito à recriação da linguagem e da construção narrativa quanto à mensagem proposta em cada uma das histórias contadas.