ISSN 2359-5191

24/11/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 21 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Comunicação em enfermagem é cada vez mais valorizada no Brasil

São Paulo (AUN - USP) - A faculdade é de Enfermagem, mas nela estão presentes disciplinas que valorizam a comunicação, assunto que costumamos supor ser exclusivo dos cursos de Humanidades. Hoje em dia a comunicação constitui um tema cada vez mais importante nos cursos ligados à saúde, em especial a Enfermagem. Uma das pesquisadoras do assunto, responsável pela maior divulgação e exploração do tema entre estudantes e profissionais, nos últimos anos, é a professora da Escola de Enfermagem da USP Maguida Costa Stefanelli. Ela é líder do grupo Estudo e Pesquisa sobre Comunicação em Enfermagem e contou sobre sua trajetória como pesquisadora, que se desenvolveu junto com a pesquisa sobre comunicação em enfermagem no Brasil.

Maguida se emociona ao falar sobre a professora responsável pela introdução do estudo, realizado em 1968, de comunicação em enfermagem no Brasil: Evalda Cançado Arantes. Nos Estados Unidos, Hildegard Peplau já havia publicado seu primeiro livro sobre o tema em 1952. Por isso há hoje em dia nos EUA uma vasta literatura sobre comunicação em enfermagem. No Brasil, os números de pesquisas nessa área aumentam a cada dia, mas quando Maguida começou a pesquisar, as obras a respeito do assunto eram raras. Isso, porém, começou a mudar a partir da formação de seu grupo de pesquisa.

Dois fatos despertaram o interesse da professora pelo estudo da comunicação com o paciente. Ela relata que, quando recém-formada, começou a trabalhar no Hospital das Clínicas. Sua atenção, então, passou a se voltar para pacientes com epilepsia, cujas crises muitas vezes retornavam sem que para isso houvesse algum motivo, a não ser o fato de que paravam de tomar os medicamentos ou esperavam ele acabar para retornarem a consulta. Ela começou a estabelecer uma comunicação maior com os pacientes, tentar entender o que motivava suas ações e tentava disseminar isso entre os colegas de trabalho. Na época, ela foi chamada de visionária.

O outro fato que chamou sua atenção para a comunicação foi que quando fez sua dissertação de mestrado, o que foi mais valorizado tanto pelos pacientes, quanto pelos examinadores e pelo orientador, foi a riqueza da comunicação que ela desenvolveu com os familiares de pacientes para tentar descobrir quais as manifestações de comportamento que levavam à procura de assistência psiquiátrica.

Até então ela não tinha um conhecimento estruturado de comunicação, mas terminando o mestrado, decidiu dedicar-se inteiramente ao assunto. Em sua tese de doutoramento sobre o ensino de técnicas terapêuticas enfermeira-paciente, ela desenvolveu conhecimento referencial-teórico a respeito do tema. Em 1987, fundou o grupo Estudo e Pesquisa sobre Comunicação em Enfermagem, onde começou a orientar dissertações, teses e trabalhos científicos sobre comunicação. O grupo foi, em grande parte, responsável pela multiplicação de pesquisadores nesse campo e pela maior divulgação do tema, tanto nas faculdades de enfermagem, quanto na prática da profissão.

Maguida conta que, dentro das faculdades, se não há matérias específicas sobre comunicação, esse conteúdo está inserido dentro de outras disciplinas. Quanto às enfermeiras de campo, ela afirma que nos grandes hospitais de São Paulo, elas já valorizam a comunicação enfermeira-paciente. No complexo HC, por exemplo, elas frequentemente pedem cursos sobre o assunto e discutem sua prática profissional.

O princípio básico para se desenvolver uma boa comunicação com o paciente, segundo a pesquisadora, é o conhecimento de si mesmo: “quanto mais eu me conheço, mais eu me abro pro outro”. Além do auto-conhecimento, também é necessário ter competência em comunicação interpessoal, conhecimento teórico e prático sobre o assunto e aceitação do outro como pessoa.

Quanto ao relacionamento com o paciente, ele deve ser profissional e respeitar o que se chama de limite terapêutico; deve ser amistoso, porém não de amizade. Maguida ressalta que o principal é que o profissional faça um uso consciente da comunicação: “não dá pra ficar apenas no campo intuitivo”, enfatiza a professora.

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