ISSN 2359-5191

24/11/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 21 - Sociedade - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Roberto Civita fala sobre sucessos e fracassos do Grupo Abril

São Paulo (AUN - USP) - Após 19 anos da participação de Vitor Civita, foi a vez de seu filho Roberto Civita vir à Faculdade de Economia. Administração e Contabilidade (FEA) contar sob seu ponto de vista os sucessos e obstáculos no caminho da Abril, da qual faz parte há 47 anos. “Os primeiros 10 anos da empresa são críticos. O que colocou a Abril em pé foram as revistas Disney e de fotonovela”, conta. Hoje, a Abril é a maior editora da América Latina e possui a maior indústria gráfica do país. O presidente do Grupo Abril participou do Programa de Depoimentos “História Empresarial Vivida” da FEA-USP. Há mais de 20 anos, o idealizador desses encontros, prof. Cleber Aquino traz à universidade empreendedores e empresários para relatar suas trajetórias de criação, desenvolvimento e administração de empresas e grupos empresariais.

Roberto começou na revista Manequim e alerta para uma falha nesse início de carreira, “você não pode trabalhar com amigos, não se manda nos amigos”. Em seguida, se dedicou à Quatro Rodas. “Mino Carta e eu fomos de Kombi de São Paulo ao Rio de Janeiro e voltamos”. Essa viagem deu origem a um mapa, responsável pelo sucesso da publicação.”Em 1965, seu pai trouxe da Itália a idéia dos fascículos. O primeiro foi a Bíblia, depois veio Conhecer, que venderam mais de um milhão de exemplares“.De 1965 a 1975, essas obras levaram a uma revolução cultural no Brasil”. Parte da história da Abril se deu em meio a ditadura. Realidade foi apreendida quando publicou um questionário em que 40% das entrevistadas responderam sim à pergunta “Você já fez amor?”. “A Igreja achou uma ofensa à honra das brasileiras”. Além disso, a revista trazia a foto de um parto e uma mulher que afirmava, “sou mãe solteira e me orgulho disso”. Em 1968, foi lançada Veja, cujas vendas caíram de 700 mil para 70 mil exemplares em dez semanas. “Todo o dinheiro ganho com revistas e fascículos foi perdido com Veja”, conta Roberto. “Convenci meu pai a me dar mais seis meses, precisava de assinaturas”. Hoje a revista tem quase um milhão de assinantes.

A partir da década de 1970, a Abril começou a produzir cada vez mais revistas e mais segmentadas. Roberto faz questão de revelar algumas dificuldades dessa época. “Quero contar dos fracassos, porque aprendemos mais com eles”. A revista de moda e estilo de vida Setenta foi uma das que fracassaram. “Prometemos vender 100 mil exemplares e vendemos 50 mil”, conta Roberto. “Se tivéssemos prometido vender 35 mil e tivéssemos vendido 50 mil seria um sucesso, mas quebramos a cara”, completa. A revista TV Guia, guia semanal de televisão e programação, foi outra que não teve o sucesso esperado, a venda estimada de 500 mil foi de apenas 50 mil exemplares. “Todo mundo assistia à Globo e sabia o que passava: novela, novela, jornal nacional, novela...Nem de graça e com revólver as pessoas iam querer ler”, diverte-se.

Roberto falou, ainda, sobre os outros tipos de empreendimento efetuados por seu pai, como frigoríficos, hotéis, embalagens, molhos de saladas, entre outros. E, também, dos investimentos do Grupo Abril em outros tipos de media que não a impressa, como televisão e Internet. “Passei 80% do meu tempo na Abril. Hoje, aprendi que uma empresa só se sustenta com três pernas, que são os setores editorial, comercial e financeiro”. O presidente do grupo falou sobre sucessão e sobre a tomada de posições no jornalismo, em especial no caso em que a Veja se posicionou contra o desarmamento. “Todo mundo toma posição o tempo todo, é melhor anunciar seus preconceitos e viver com eles”. Roberto Civita foi o convidado do penúltimo encontro em 2005. No dia 23 de novembro, terça-feira, das 11h às 13h, o empresário Vicente Domini, presidente da Marisol contará suas experiências na gestão da empresa. As atividades do programa são sempre no mesmo horário, na sala E-01 da FEA. Os encontros, que já deram origem a cinco livros organizados por Aquino, são gratuitos e abertos a toda comunidade.

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