ISSN 2359-5191

30/08/2002 - Ano: 35 - Edição Nº: 15 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Pesquisas detectam deficiências na medição da pressão arterial

São Paulo (AUN - USP) - “Eu nunca faço o diagnóstico de hipertensão arterial com uma única medida, isolada num único momento”, declara Ângela Maria Geraldo Pierin, professora livre-docente do Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgico do curso de enfermagem da USP. Entretanto, esse não deve ser o hábito de outros profissionais da área. Pesquisas feitas pela Liga de Hipertensão Arterial do Hospital das Clínicas da FMUSP, coordenadas pelo médico Décio Mion Júnior, constataram dificuldades no diagnóstico da pressão alta, doença que atinge cerca de 20% da população adulta, sendo que nos idosos chega aos 50% de incidência. Problemas com os aparelhos que medem a pressão e a falta de preparo daqueles que os manejam, além de uma situação conhecida como “Hipertensão do Avental Branco”, são as principais causas dessa deficiência.

A medida ideal da pressão arterial no ser humano é 120 por 80mm HG (milímetros de mercúrio), conhecida vulgarmente por 12 por 8. A primeira medida (120mm Hg) refere-se ao momento em que o coração ejeta com força máxima o sangue, por isso é chamada de pressão máxima, e a segunda medida (80mm Hg), a pressão mínima, refere-se ao relaxamento do ventrículo. Com a pressão igual ou maior a 140 por 90mm HG, o paciente está em condição de hipertensão arterial.

Existem três tipos de aparelhos para checar a pressão arterial: o aneróide, que é o mais conhecido, o de coluna de mercúrio e, mais recentemente, os aparelhos automáticos. Os dois primeiros, para terem eficácia, devem estar calibrados. Porém, as pesquisas realizadas pela equipe do médico Décio, em consultórios particulares, em congressos médicos e em dois hospitais de São Paulo demonstraram o contrário. “Nós fizemos um estudo em que verificamos que 60% dos aparelhos aneróides e 20% de colunas de mercúrio estavam descalibrados”, diz a professora Ângela Pierin. “O ideal é que a cada 6 meses você submeta o seu aparelho a uma avaliação”, completa.

A relação entre o observador da pressão, aquele que a mede, e o paciente também interfere no diagnóstico. Um médico, por exemplo, desencadeia uma reação de alarme no paciente e a pressão dele sobe. Essa doença é conhecida como “hipertensão do avental branco” ou “hipertensão de consultório” e cerca de 20% das pessoas apresentam esse diagnóstico. A enfermeira também desencadeia essa reação de alarme, porém em menor intensidade do que o médico.

Nesses casos, o ideal é medir a pressão arterial fora do consultório, através de um aparelho chamado MAPA, Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial. “Assim eu estou afastando a influência do observador e do ambiente hospitalar, já que a hipertensão do avental branco também se relaciona a esse tipo de ambiente. MAPA é o nosso padrão para avaliar se a pessoa é hipertensa ou não”, destaca Ângela Pierin. Os pacientes que apresentam a “hipertensão do avental branco” devem ser acompanhados, pois um estudo mostrou que 40% deles se tornam hipertensos reais.

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