ISSN 2359-5191

13/01/2006 - Ano: 39 - Edição Nº: 24 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Química
Biotecnologia pensa em biomandioca plus para africanos

São Paulo (AUN - USP) - Apesar da grande resistência da sociedade diante dos alimentos geneticamente modificados, estes já são mencionados como a realidade futura. No começo do mês de dezembro, o Instituto de Química (IQ), promoveu o Workshop de Biotecnologia em Plantas e Algas. Diante das palestras de especialistas no assunto, a perspectiva que se cria para as próximas gerações é a de um cotidiano cercado por vegetais super nutritivos, resistentes a intempéries, mais vistosos e nascidos em laboratórios.

O primeiro vegetal transgênico foi o tabaco em 1990. Pela complexidade do trabalho, ainda maior há 15 anos, outra modificação genética só aconteceu com a batata, em 1999. A novidade, vinda da Universidade Estadual de Ohio nos Estados Unidos, é a biomandioca plus. O pesquisador norte-americano Richard Sayre tem suas pesquisas voltadas para a otimização e superação da toxidade da mandioca, quarta maior fonte alimentar da África Subsaariana. Ele também aponta os ganhos sociais e econômicos como guia para sua atuação na área de biotecnologia, focando o povo africano.

Os diferentes tipos de mandioca contêm quantidades variáveis de ácido cianídrico, que em concentração alta, como no caso da mandioca-brava, pode até matar. A intenção das pesquisas de Sayre é minimizar os efeitos desse composto, responsável pelos casos de bócio e paralisia das pernas em vários povos da África. Já o projeto da biomandioca plus quer ir além: zinco, ferro, proteínas e vitaminas A e E num só alimento. O único passo que foge do domínio do especialista dos EUA é como convencer os africanos a comerem a super mandioca, pois a coloração do futuro vegetal terá uma amarelo bem diferente da mandioca comum.

Durante o workshop, os ganhos sociais e econômicos foram apontados como objetivo comum para as pesquisas. Os profissionais da área se mostram convictos de que os alimentos geneticamente modificados são capazes de baratear custos para produtores e também melhorar a alimentação de comunidades pobres e subnutridas. “Vegetais mais tolerantes à seca ou outros mais completos nutricionalmente são tendências por essas vantagens que oferecem”, diz Helaine Carrer, professora do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) de Piracicaba.

Convidada para palestrar no Workshop, Helaine mostrou seus trabalhos na área de biotecnologia para os docentes e estudantes de pós-graduação que participaram do encontro. As características de todos os seres vivos são ditadas pelo código genético que cada um deles guarda. Para alterar a formação das plantas, a pesquisadora inclui genes selecionados previamente para transmitir as características desejadas ao novo vegetal em formação.

Segundo Helaine, a novidade em seu trabalho é o encaixe da nova codificação justamente nos cloroplastos. “Temos vegetais com mais aminoácidos e com grãos de pólen comuns”, explica. A vantagem do método utilizado é o aumento na quantidade de proteínas nos vegetais e a impossibilidade de uma planta transgênica fecundar outros exemplares, pois o pólen não carrega o DNA modificado.

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