ISSN 2359-5191

13/01/2006 - Ano: 39 - Edição Nº: 24 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Representantes políticos lançam fogo sobre PT

São Paulo (AUN - USP) - O debate sobre Marketing Político, realizado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) acabou refletindo, na prática, o próprio objeto de discussão, não acrescentando muito às reflexões sobre o tema. Pouco se falou sobre estratégias de propaganda política, mas muito se fez para destacar o nome do partido dos componentes da mesa.

Apenas dois dos quatro palestrantes convidados compareceram à Escola no início de dezembro. Participaram do debate Evandro Luiz Losacco (secretário-geral do PSDB), Evandro Mesquita (membro do diretório estadual do PMDB), Ivan Santo Barbosa (professor do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da ECA), como mediador, e Vera Chaia (professora da PUC-SP), como comentarista. As representantes do PSOL, Junia Gouvê, e do PT, sem nome definido, não puderam comparecer.

“Discutir privatização é coisa do passado”

Losacco abriu o evento dizendo que a campanha política do PT para a presidência da República em 2002 foi calcada na dicotomia entre o bem e o mal e na construção do mito do herói, de um salvador da pátria. Teceu uma série de críticas ao partido, afirmando que o PT corrompeu as Instituições e, por isso, abriu uma crise sem precedentes. Ele defendeu que, à medida que as pessoas vão desacreditando da política, crescem as chances de “qualquer chavista” atentar contra a democracia do país, fazendo clara alusão ao partido hoje no poder.

O secretário chegou a afirmar que a população deveria, pelo menos, estar aliviada porque o PT não colocou em prática as idéias que pregava. Ao falar sobre privatização, como uma prática antes criticada pelo Partido dos Trabalhadores, Losacco diz que se trata de uma questão indubitável nos dias de hoje, e quem a critica só pode estar preso ao século passado. “Imagine se a telefonia não fosse privatizada. Seriam distribuídos cargos para todos os lados.” O representante do PSDB defendeu a privatização como forma de o Estado obter lucro, mas não tocou na questão do aumento das tarifas para a população e do problema de ingerência do governo.

Losacco terminou sua exposição dizendo que as campanhas políticas devem enfocar os problemas do país e discutir a viabilidade dos projetos. Defendeu o debate cara-a-cara entre os candidatos como alternativa às propagandas tradicionais: “O horário eleitoral certamente ficaria muito mais chato, mas pelo menos a população conseguiria votar com uma margem de segurança maior.”

“A tradição do Brasil não é a corrupção”

Evandro Mesquita, membro do PMDB, disse que o PT é o partido pioneiro na prática da corrupção. Para ilustrar sua posição, Evandro cita Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek como “políticos que deixaram recursos modestos” após a morte.

Assim como Losacco, o palestrante não poupou o PT de críticas ferrenhas, dizendo que nada se parece mais com a política tucana do que o partido no governo.

Ao criticar o Plano Real, Mesquita cita como promessa não cumprida pelo PSDB a desoneração das empresas brasileiras, que perderam em competitividade. Ele fala também o plano foi o maior capital político tucano para arrancar do congresso a emenda da reeleição, que conferiu legitimidade ao segundo mandado de Fernando Henrique Cardoso.

Sobre o seu próprio partido, o representante expõe a falha do PMDB de não se debruçar sobre os problemas nacionais e, conseqüentemente, não ter um projeto político formatado para o Brasil.

“Que PMDB é esse?”

A comentarista Vera Chaia analisou a fala dos dois políticos. Disse que tanto um quanto o outro defenderam suas plataformas e lançaram fogo sobre o PT. Ao falar do atual governo, Vera afirmou que Lula fez alianças equivocadas e que as práticas de corrupção são inadmissíveis, até porque o partido defendia uma bandeira ética como seu maior diferencial.

Vera diz que o problema do caixa dois já teve precedentes no governo tucano, lembrando das denúncias que envolviam dirigentes do PSDB e a tentativa de comprar deputados para votar a favor da emenda da reeleição. Porém, segundo a professora, o caso foi abafado pela mídia.

Rebatendo a fala de Evandro Mesquita, Vera cita o período militar como um dos mais corruptos da história nacional e critica o PMDB como um partido sem identidade definida. “Vocês acomodam pessoas muito diferentes e isso é inconciliável com um projeto sério para a presidência.”, disse a professora, que indicou o ex-governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho, hoje filiado ao PMDB, como uma crescente ameaça para a política do país.

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