ISSN 2359-5191

13/01/2006 - Ano: 39 - Edição Nº: 24 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Nadadores master envelhecem mais tarde

São Paulo (AUN - USP) - Em modalidades esportivas que exigem intenso esforço físico, o grande desgaste ao corpo dos atletas está encurtando cada vez mais suas carreiras. Isto ocorre, no entanto, menos por lesões ou contusões do que pela perda de competitividade. Na natação não é raro ver jovens expoentes com menos de 20 anos de idade quebrando recordes brasileiros, sul-americanos, mundiais. Nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, o australiano Ian Thorpe, com apenas 17 anos conquistou três medalhas de ouro – estabelecendo o novo recorde mundial nas três provas – e duas de prata. Em 2004, outro jovem fenômeno deixou sua marca em piscinas olímpicas. Em Atenas, o norte-americano Michael Phelps conquistou seis medalhas de ouro e duas de bronze. Phelps comemorou seu 19o aniversário durante os jogos.

Para muitos atletas que não conseguiram acompanhar o melhor desempenho dos mais jovens, ou aqueles que não chegaram à elite de sua modalidade, a opção escolhida para se dar continuidade ao esporte foi passar a competir nas categorias master. Observando o aumento do prestígio dessas competições, o pesquisador Thomas Luiz Kinugawa, da Escola de Educação Física e Esportes (EEFE) da USP, analisou o treinamento e a performance desses atletas.

As categorias master não abrangem apenas atletas sexagenários. É claro que isso pode acontecer, mas a primeira categoria é a 25+ (para nadadores com mais de 25 anos), em seguida existe a 30+, e assim por diante, cobrindo todas faixas etárias.

Kinugawa constatou que a motivação inicial dos nadadores master é a recuperação do preparo e da forma física. Posteriormente surge neles o interesse em melhorar o próprio desempenho. Mas, ainda sim, faltava um fator que tornasse a atividade mais empolgante aos atletas, o que foi preenchido pelos torneios de categorias master: o desafio da competição.

O pesquisador da EEFE constatou que o pico de performance para estes atletas é atingido nas categorias 25+ e 30+, mantendo-se estáveis até as categorias 40+, 45+ e até 50+ dependendo do nado. Kinugawa explica que com o envelhecimento ocorre a redução do peso do cérebro, da massa muscular, do volume cardiovascular, da função respiratória e da capacidade metabólica, fatores estes que podem afetar a performance do atleta na natação. No entanto, ele ressalva que a prática esportiva é capaz de reduzir a velocidade desse processo de envelhecimento.

A pesquisa verificou que o nado borboleta possui a maior taxa de declínio entre os nadadores máster, pois exige mais da capacidade física do atleta que os demais, ao passo que nestes as taxas de declínio são bem menores. O estudo de Kinugawa verificou que as mulheres são mais sensíveis a esse declínio.

Observou-se ainda que o desempenho em provas mais curtas diminui a uma taxa menor se comparado às provas longas. A partir disso o pesquisador conclui que “a capacidade de força é melhor preservada do que a capacidade aeróbia do indivíduo”.

Treinamento

O estudo também analisou o treinamento dos nadadores master e verificou que este foi otimizado com a redução de seu aspecto quantitativo e aumento do fator qualitativo, de acordo com a especificidade de cada modalidade. Contudo, não se pode dizer que existe uma uniformidade nos treinamentos (no que diz respeito a freqüência, duração e intensidade), pois os métodos utilizados estão baseados principalmente em dados empíricos de cada treinador.

A pesquisa de Kinugawa – “Estudo da performance e organização de treinamentos de nadadores master brasileiros” – foi realizada com base nos resultados dos campeonatos brasileiros desde 1994 até 2004, nos quatro estilos (peito, borboleta, costas e crawl), nas provas de 50 e 100 metros. Além disso, foram entrevistados 15 técnicos com no mínimo três anos de experiência na categoria master. Maiores informações na Secretaria de Pós-Graduação da EEFE, pelo telefone (11) 3091-3095.

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