ISSN 2359-5191

05/12/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 16 - Saúde - Hospital Universitário
Levedura é uma das principais causas de infecção hospitalar

São Paulo (AUN - USP) - As leveduras, conhecidas popularmente como causadoras de "sapinhos", frieiras e por serem um dos ingredientes da cerveja, são uma das principais causas de infecções hospitalares. Apesar disso, existem poucas pesquisas a respeito desse assunto. Uma nova pesquisa pretende sanar o desconhecimento a respeito desse tipo de fungo. É o trabalho de mestrado de Sandra Regina Pukinkas, pesquisadora científica do Departamento de Micologia do Instituto Adolfo Lutz, feito num convênio entre o Hospital Universitário da USP (HU) e o Instituto.

Ela pretende identificar as espécies de leveduras responsáveis pela colonização ou infecção, em pacientes internados na UTI pediátrica do hospital. Existe uma diferença entre as leveduras "infectoras"e as "colonizadoras", que está no fato de as primeiras serem patogênicas. "Esse tipo de fungo é um colonizador natural do ser humano. Ele vive no organismo sem causar prejuízos. Só causam prejuízos, quando se proliferam de forma descontrolada", diz Sandra.

No caso de pessoas internadas em UTIs, existe um ambiente propício para que as leveduras se espalhem. "Pacientes sob tratamento com antibióticos são muito suscetíveis a esse tipo de infecção. As bactérias do organismo são mortas, os fungos ficam sem nada para lhes fazer competição e passam a se alastrar", conta ela. As leveduras podem gerar complicações no sistema circulatório e excretor da pessoa infectada.

Outras condições também favorecem o surgimento desse tipo de infecção. Fatores como organismo debilitado, diabetes descontrolado e desnutrição, geram ambiente ideal para as leveduras se desenvolverem. Os cateteres e as sondas, colocados nos vasos sanguíneos dos pacientes, podem fazer com que os fungos se espalhem pelo sistema circulatório destes.

"A sobrevida dos pacientes em UTI tem aumentado. Como a infecção por fungos demora mais em ocorrer, elas passam a se tornar mais comuns." Sandra conta que além do desenvolvimento das leveduras existentes no próprio corpo do paciente, este podem receber fungos dos profissionais que trabalham na UTI.

Sandra pensou em comparar as leveduras encontradas nos pacientes infectados, com os fungos colonizadores do corpo dos médicos e enfermeiros, porém encontrou dificuldades para a coleta de material no tempo correto. Apesar disso, ela está fazendo comparações com o material coletado entre os pacientes da UTI. A localização de fungos iguais em diferentes pacientes pode indicar uma transmissão externa dos fungos, talvez os profissionais do hospital.

Outro objetivo da pesquisa de Sandra, que termina em fevereiro de 2002, é testar a resistência de cada espécie de levedura aos medicamentos. No futuro, isso facilitaria no tratamento das infecções. "Os médicos conseguiriam indicar uma terapia mais eficaz para o tipo de fungo encontrado.", diz a pesquisadora. Muitas das leveduras são resistentes a antifúngicos.

Atualmente, os exames para detecção de fungos são pouco difundidos no Brasil, além do que, são muito demorados. Existem no mercado kits para exames mais eficazes e rápidos (o resultado sai, geralmente, em quatro dias), porém seu preço é desanimador. No caso de um hospital público, onde precisa haver uma concorrência pública para que os kits sejam comprados, o preço de uma unidade para 20 testes gira em torno de R$350,00, o que torna seu uso inviável para a maioria desses hospitais.

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