ISSN 2359-5191

05/12/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 16 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Experiência ficcional na Internet elege texto escrito como elemento mais marcante

São Paulo (AUN - USP) - Foi com a proposta de ser uma experiência ficcional na Internet que surgiu o site "As narrativas em mídias eletrônicas". O projeto, desenvolvido pela professora doutora Maria Cristina Costa, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, dá continuidade à sua pesquisa sobre a relação entre linguagem e tecnologia. Há uma semana no ar, o site recebeu cerca de dez participações de usuários, que já apontam para a conclusão de que o texto escrito é o elemento mais significativo numa narrativa na web.

Cristina começou sua pesquisa com a questão do gancho na telenovela - aquele momento de tensão que seduz o espectador e o convence a assistir ao próximo capítulo. Passou, então, a estudar o gancho na web, buscando descobrir qual o formato da narrativa de ficção na Internet. "Existe diferença entre construir uma narrativa com a linguagem digital da rede, ou simplesmente transpor uma narrativa escrita do papel para a tela. No primeiro caso estão presentes os conceitos de interatividade, hipertextualidade, textos coletivos, multimídia", explica.

O site é dividido em três blocos. O bloco Ganchos define o conceito de gancho nas diferentes formas de linguagem (arquitetura, narrativa oral, artes visuais, etc.). O bloco Narrativas traz os resultados de suas pesquisas e entrevistas com especialistas. O bloco Selma é definido como "uma narrativa interativa multimídia e multilinguagem", que espera a participação do usuário. A história de Selma é contada paralelamente por meio de duas linguagens: o texto literário e o cartoon. O objetivo é avaliar a interação do usuário com essas formas de apresentação.

Entretanto, no decorrer do desenvolvimento do site, Cristina e sua orientanda, Yara Mitsuishi, chegaram à conclusão de que essa dualidade não bastava. Era necessário fazer com que o usuário/leitor mergulhasse na narrativa. Foi quando surgiu a idéia de introduzir a figura da barata que perambula pelo texto: "a barata veio desbaratinar a cabeça do leitor", brinca Cristina. A barata conscientiza o leitor de que é necessário interagir, fazer escolhas, interpretar, para que a narrativa ganhe algum sentido. "Na Internet, a leitura é performática - o leitor faz opções o tempo todo. O conceito de obra aberta é, aqui, elevado à máxima potência", afirma.

Em vários pontos da história, o leitor é convidado a responder a algumas perguntas e registrar sua opinião. Os detalhes do texto escrito são os mais enfatizados pelos leitores em seus comentários; os outros elementos são sempre relacionados à estética. As respostas à pergunta "O que a barata tem a ver com Selma?" ilustram a importância do texto escrito: as respostas partem todas da personagem Selma: Selma tinha medo da barata, Selma pensava na barata, Selma sentia-se como uma barata...

Cristina conta que a forma de divulgação do site tem sido boca-a-boca, partindo inicialmente de seu mailing list. Isso demonstra, segundo ela, que já existem comunidades virtuais consolidadas; estas comunidades estão ligadas à comunidade real e estão se expandindo. "Estudos indicam que todas as relações humanas se distanciam a um máximo de seis pessoas. Ou seja, se você precisa falar com George Bush, por mais distante que ele pareça estar de você, fazendo não mais do que seis contatos você conseguiria chegar até ele. A sociabilidade ocorre em rede".

O endereço do site é http://sites.uol.com.br/narrativas.

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