ISSN 2359-5191

28/03/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 02 - Educação - Instituto de Física
Vencedores da olimpíada de Física sonham com carreiras fora do meio acadêmico

São Paulo (AUN - USP) - Grandes nomes da Física no Brasil como o professor Silvio Roberto Salinas, diretor do Instituto de Física da USP e o professor Ernst Hamburger, diretor da Estação Ciência, assim como o Deputado Eduardo Silva Ramos, representante da Assembléia Legislativa, compareceram à premiação da Olimpíada Brasileira de Física 2000, realizada em 30 de março. Juntas, as diversas autoridades prestigiaram o despontar de alguns dos talentos que forjarão o futuro do país nas áreas de ciência e tecnologia. Entretanto, aqueles jovens que optarem pelo ramo da pesquisa, depois de formados, estarão diante de uma encruzilhada: terão que escolher entre produzir conhecimento dentro da esfera acadêmica ou buscar carreiras junto aos laboratórios de grandes empresas.

Dentre os estudantes premiados, Otávio de Campos Emmert, aluno do terceiro ano do ensino médio, confirma sua predileção pela Física. O jovem pretende prestar os vestibulares da USP, Unicamp e Unesp. Um pouco tímido, confessou o sonho de especializar-se em Astronomia e trabalhar em uma grande empresa de tecnologia. Já Claudia Massei, terceira colocada nacional, optou pela Engenharia. Vestindo uma camiseta que apregoava "Just do ITA", a caloura do Instituto Técnico Aeronáutico, afirmou que pretende trabalhar na área de Eletrônica e, assim como Otávio, não deseja seguir carreira acadêmica.

Atualmente, no panorama brasileiro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, não prevalece o trajeto escolhido por Cláudia e Otávio. "A maioria dos pesquisadores se encontra nas universidades públicas de maior excelência e um número pequeno nas empresas, enquanto nos países desenvolvidos isso é exatamente o oposto," comentou o professor Ozimar Pereira, organizador da Olimpíada Brasileira de Física em São Paulo. Algumas das maiores dificuldades enfrentadas pelos cientistas brasileiros da atualidade são frutos da configuração do mercado de trabalho." Dentro das universidades, a renovação do quadro docente tem sido muito difícil, assim como equacionar o problema do orçamento referente aos aposentados, hospitais etc", avaliou o professor Salinas. Por outro lado, muitos dos obstáculos a serem transpostos por um jovem cientista são comuns a todos os países. Segundo o professor Hamburger, trata-se de uma tarefa árdua que requer muito estudo, dedicação e gosto pelo assunto.

É importante assinalar que um eventual aumento da participação da iniciativa privada no mercado de trabalho brasileiro no campo de pesquisa em ciência e tecnologia não implicaria na substituição da universidade como pólo produtor de conhecimento. "Existe uma gradação entre pesquisa e desenvolvimento, pesquisa básica e pesquisa aplicada com ênfase no desenvolvimento de novos produtos. E é nessa última área que a iniciativa privada deveria estar mais ativa.", afirmou o professor Hamburger. A atividade nos laboratórios das empresas de tecnologia é voltada para interesses imediatos e necessidades objetivas como a geração de patentes e o desenvolvimento de produtos competitivos frente ao mercado internacional. "Já a universidade, como não é obrigada a ter lucro pode e deve dedicar-se a pesquisas mais amplas, mesmo quando não há possibilidade de aplicação imediata do conhecimento produzido", ressaltou o professor Ozimar Pereira.

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