Analisam os a narrativa fílmica de Pedro Bial Outras estórias que retoma cinco contos de Primeiras estórias, de Guimarães Rosa. O enfoque da análise são os motivos casamento e velório, que figurativizam os valores universais vida/morte, e o espaço do sertão. A partir desse recorte, propomos uma leitura que pretende demonstrar como o texto de Bial constrói a Cinderela do sertão mineiro.
O objetivo deste artigo é propor elementos para uma poética rosiana a partir de juízos teóricos emitidos pelo próprio Guimarães Rosa acerca da literatura e da língua, em textos não ficcionais – entrevistas, cartas e outros escritos – e também ficcionais. Para a reflexão sobre o conceito de poética baseamo-nos em Ferdinand de Saussure, Jean Starobinski, Roman Jakobson, Paul Valéry, Tzvetan Todorov entre outros.
Tendo por base, principalmente, o ?esquema passional canônico? do ciúme proposto por Fontanille (Jalousie. 2003), analisamos os triângulos amorosos que se constituem no conto "Desenredo", de Guimarães Rosa, em torno de um único ator, ardilosamente denominado Livíria, Rivília, Irlívia, Vilíria.
Embora a crítica machadiana e a rosiana já tenha se debruçado sobre essas narrativas, isoladamente, ou por meio de comparação, acreditamos haver alguns aspectos desses contos que merecem ser ainda explorados. Assim, o artigo propõe-se a comparar os dois contos homônimos de Machado de Assis e de Guimarães Rosa, procurando observar os pontos de convergência e os de divergência no que diz respeito à importância das narrativas na produção de cada um dos escritores, na concepção sobre o tema, na construção da história, na escolha dos narradores.
A qualidade e a diversidade do material – questionários, glossários, anotações, desenhos, comentários sobre a obra, reflexões sobre língua e literatura, indicações e referências bibliográficas – que encontramos ao ler a correspondência de João Guimarães Rosa com os tradutores de seus textos para outros idiomas atestam a importância para o estudo de sua obra. Neste artigo, pretendemos comentar alguns trechos dessa correspondência, principalmente da inédita pertencente ao Fundo João Guimarães Rosa (IEB/USP), que julgamos relevantes para elucidar o processo da gênese dessa obra e para configurar uma poética rosiana ou como o autor denominava sua “plataforma” de escritor.
O livro Primeiras Estórias (1962) do escritor Guimarães Rosa é formado de 21 narrativas. Interpretando cinco contos de Primeiras Estórias, "Famigerado", "Soroco, sua mãe, sua filha", "Os irmãos Dagobé", "Nada e a nossa condição", "Substância", o diretor de cinema Pedro Bial compõe o filme Outras estórias (1999). Comparando esses textos verbais de Guimarães Rosa com o filme de Pedro Bial, ressaltaremos os mecanismos discursivos que constroem Maria Exita: a Cinderela do sertão rosiano.
A novela "Buriti" de Guimarães Rosa que compõe, atualmente, o volume Noites do sertão, inspirou o filme de Carlos Alberto Correia que tomou o título do livro mencionado. Pretendemos aproximar o texto
literário e o fílmico, tendo o primeiro como ponto de partida, para verificar de que modo o filme constrói o que é básico na novela: a inscrição no universo do mito.
Tendo como embasamento teórico a semiótica greimasiana, faz-se análise comparativa da história de Cinderela, na versão de Charles Perrault, com dois filmes e um conto de Guimarães Rosa, para verificar o modo como o tema “o amor tudo vence” é tratado nesses textos. A história de Cinderela renova-se, recobrindo-se com novas figuras, como conseqüência da alteração nos traços sêmicos dos papéis de príncipe e de princesa.
O sertão de Riobaldo tem muitas faces. A que escolhemos para análise é a da flora. Contrastando o emprego de termos da flora, no romance, com a definição de dicionários e de livros especializados em botânica, temos como meta examinar a sua transfiguração no discurso de Riobaldo. A hipótese é de que, no uso de termos da flora, há: 1) traços de igualdade que, retomando as definições sedimentadas na cultura, fundam no discurso o efeito de veridicção; 2) traços novos, filtros do olhar do sujeito enunciador, que emprestam à flora um efeito poético.
O artigo propõe mostrar, a partir da leitura do texto "Ao Pantanal", de Guimarães Rosa, como a presença desta região brasileira impregna o narrador- protagonista que relata a "rapsódia de percepções" que vivenciou quando da sua travessia. A concretude e condensação da linguagem inscrevem esse texto rosiano no universo do mito.