Num poema intitulado “Desterro”, que está presente na, aparentemente, única obra poemática escrita pelo literato João Guimarães Rosa, datada de 1936, é possível observar-mos, conquanto sucintamente, dois notáveis caracteres constantes das Primeiras Estórias, do já mencionado autor, e das Vidas Secas, do escritor Graciliano Ramos, de modo geral, e no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, daquele primeiro livro, e no capítulo “Festa”, deste último, de modo particular, visto que os referidos caracteres podem, respectivamente, ser representados pela tristeza e pela viagem – estúltima, permeada por amplas e tortuosas lou-curas – que as personagens de ambas as estórias devem realizar para cumprir as incumbên-cias às quais, por vezes, creem haverem sido predestinadas.
Este trabalho buscou analisar os contos “Rosa Caramela” de Mia Couto e “Sorôco, sua mãe, sua filha”, de Guimarães Rosa com o objetivo de refletir sobre o lugar dos indivíduos considerados loucos na sociedade. Os contos desses dois autores discutem a temática da loucura sob o véu de narrativas que levam o leitor à mágica experiência literária e sua complexa teia de sentidos. Desta forma, através dos contos, buscou-se ponderar acerca da construção da identidade e da alteridade perpassando pela possibilidade de conhecimento da realidade por meio das interações sociais representadas na obra literária.
No conto Sorôco, sua mãe, sua filha, busca-se mostrar a realidade de pessoas com
loucura na época em que a cidade de Barbacena, em Minas Gerias, recebia pessoas de todo o
território nacional com doenças mental, num hospital sanatório chamado Colônia, considerado
“um campo de concentração em pleno Brasil”, segundo a pesquisadora e jornalista Daniela
Arbex, no livro Holocausto Brasileiro (2013). Para tanto, usar-se-á tal referencial para mostrar e
comprovar o discurso lógico, vigente em uma época real, mostrado por Guimarães Rosa no
conto a ser estudado.
Este trabalho, ao analisar “Sorôco, sua mãe, sua filha”, conto de João Guimarães Rosa, procura demarcar, nos limites da leitura que realiza dessa narrativa de Rosa, o percurso das investigações semióticas nos últimos vinte anos, com o intuito de avaliar como essa metodologia transferiu suas preocupações, antes, atentas ao nível narrativo, à ação de uma narrativa, para as paixões que envolvem e movimentam, no nível discursivo, essa mesma ação narrativa.
O presente trabalho tem como objetivo analisar os temas da loucura e da morte, no conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, do livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa.
Objetiva-se a análise do conto "Sorôco, sua mãe, sua filha", de João Guimarães Rosa. Os elementos da estrutura narrativa constituirão ponto de partida para o alcance do canto dionisíaco presente ao final da narrativa. Os vínculos possíveis quanto ao tratamento dado ao trágico tanto na obra de Guimarães Rosa quanto na de Friedrich Nietzsche serão ressaltados.
O presente artigo consiste em evidenciar a representação de grupos marginalizados na prosa brasileira contemporânea fazendo referência aos estereótipos e os preconceitos que permeiam o espaço social. Contempla-se por meio da análise do conto de Guimarães Rosa (Sorôco, sua mãe, sua filha) a forma de representação que instiga e chama a atenção do leitor no decorrer dos fatos. Bem como, os discursos que vão circulando socialmente em diferentes perspectivas, o discurso literário como fonte e espaço de representações, contradições e tensões, nesses aspectos o “louco” passa a ser considerado sujeito da diferença, sem voz.
O presente artigo consiste em evidenciar a representação de grupos marginalizados na prosa brasileira contemporânea fazendo referência aos estereótipos e os preconceitos que permeiam o espaço social. Contempla-se por meio da análise do conto de Guimarães Rosa (Sorôco, sua mãe, sua filha) a forma de representação que instiga e chama a atenção do leitor no decorrer dos fatos. Bem como, os discursos que vão circulando socialmente em diferentes perspectivas, o discurso literário como fonte e espaço de representações, contradições e tensões, nesses aspectos o “louco” passa a ser considerado sujeito da diferença, sem voz.
Este trabalho propõe a análise de um dos aspectos da problemática das narrativas do fim, precisamente no que toca à loucura, a partir do conto “Soroco, sua mãe, sua filha”, de Guimarães Rosa. Tem como fundamentação teórica “O mal-estar na civilização”, postulado por Freud (1996), e o conceito de loucura em Foucault (1978), os quais reúnem motivos centrais para pensar o desconsolo humano expresso nas peculiaridades do modo de escrita de Guimarães Rosa. Assim, esta abordagem possibilitará a análise consistente do tema de estudo e a averiguação do lugar deste tipo de discurso na contemporaneidade. Sob os efeitos da modernidade, a marginalização da loucura e o extermínio daqueles que nela habitam são usados como solução para a regeneração da humanidade, práticas sociais que constituem o sentido que criamos do mundo. A impotência perante a dureza do real em “Soroco, sua mãe, sua filha” e o lugar social do sofrimento humano, que oscila entre a esperança e o desespero, serão aqui contemplados como narrativas do fim.
Tomando a epígrafe de Kierkegaard lançada por Jacques Derrida em seu "Cogito e história da loucura", digo, de sua leitura do texto de Foucault, o presente trabalho propõe discutir o instante da decisão, mais além do enigma, como instância última, aporética e no limiar do enlutamento. Desse modo, toda interpretação convergiria a um espaçamento da escritura, ao espaçamento que rompe a clausura e institui-se desde o segredo, desde a paixão do nome, como fica evidenciado pela textualidade de Mallarmé, Artaud, Rosa e Derrida.
Este artigo, por meio da análise do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, de João Guimarães Rosa (Primeiras estórias, 1962), procura dialogar alguns de seus elementos e procedimentos literários a noções e posturas tanto estéticas como ideológicas elaboradas pelo ensaísta, poeta e romancista martinicano Édouard Glissant, principalmente com relação à Poética do Diverso, abordando o tratamento da alteridade, sua opacidade e o papel central do canto na narrativa escolhida.
Este trabalho analisa três narrativas de João Guimarães Rosa pertencentes à obra Primeiras Estórias: “O Cavalo que bebia cerveja”, “Sorôco, sua mãe e sua filha” e “A Terceira margem do rio”. Os textos são analisados sob a perspectiva do conceito de literariedade e da visão do fenômeno literário centrado numa compreensão do estilo como um modo de unir a palavra ao pensamento; o estudo destaca Guimarães Rosa, como um autor que procura, por meio do uso especial da linguagem, a universalização do regionalismo.
O trabalho estuda personagens e ação de quatro contos da coletânea Primeiras estórias de Guimarães Rosa, aproximando-os da adaptação dessas narrativas realizada por Pedro Bial no filme intitulado Outras estórias. O objetivo é comprovar a hipótese de que determinados protagonistas dessas composições, de um lado, constituem retomadas de arquétipos fixados no nosso imaginário cultural e, de outro, refletem as condições sociais do país. O elemento principal entre aqueles que Pedro Bial toma para estabelecer a relação entre os textos que compõem o filme, de modo a formarem uma narrativa unificada, é representado justamente pelas personagens. Entre os protagonistas/arquétipos a serem examinados estão o valentão, o rei sábio, a cinderela.
O artigo analisa a adaptação para o cinema do conto "Sorôco, sua mãe, sua filha", de João Guimarães Rosa (1962). São objeto do trabalho os filmes Cabaret Mineiro, de Carlos Alberto Prates (1980), e Outras Estórias, de Pedro Bial (1999). O trabalho aborda essas duas adaptações, explicitando e comparando as diferentes escolhas tomadas pelos dois diretores para transpor a mesma obra para o cinema. Também analisa o próprio conceito de adaptação, e como as intenções de cada diretor influenciaram no resultado final da transposição da obra literária para as telas do cinema.
Guimarães Rosa constrói uma percepção da loucura por meio da linguagem em "Sorôco, sua mãe, sua filha", conto de Primeiras estórias. No início do século XX, o saber moderno, a modernidade urbana e a consolidação da psiquiatria instauram que a loucura deve ser excluída do convívio das grandes cidades e da sociedade. Já, no conto, há várias estratégias de inclusão, propiciadas pela linguagem.
Analisam os a narrativa fílmica de Pedro Bial Outras estórias que retoma cinco contos de Primeiras estórias, de Guimarães Rosa. O enfoque da análise são os motivos casamento e velório, que figurativizam os valores universais vida/morte, e o espaço do sertão. A partir desse recorte, propomos uma leitura que pretende demonstrar como o texto de Bial constrói a Cinderela do sertão mineiro.
A comunicação tem por objetivo expor as relações entre voz, linguagem literária e composição ficcional em um conto de Guimarães Rosa, “Sorôco, sua mãe, sua filha”, abordando a questão da loucura expressa no “canto sem razão” das duas personagens femininas referidas no título. A análise atenta de algumas passagens dessa narrativa de Primeiras estórias leva-nos a escutar as margens extremas que a voz associada à loucura pode alcançar. Por um lado, essa voz ecoa desde a mais absoluta carência de sentido em uma cantiga que “não vigorava certa nem no tom, nem no se-dizer da palavra”; por outro, esse mesmo canto será capaz de reagregar os laços mais vitais de uma comunidade sertaneja. O surpreendente nesse conto de Guimarães Rosa é o fato de ele condensar, em suas poucas páginas, uma voz que ressoa, a um só tempo, aquém e além do sentido que comumente conferimos somente à palavra ou à lógica da linguagem. Para desenvolver essas questões, recorre-se também a alguns teóricos que, nas últimas décadas, pensaram a questão da voz associada ou não à palavra.