ISSN 2359-5191

31/10/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 15 - Sociedade - Escola de Comunicações e Artes
Repórter Brasil: excluídos agora têm vez na internet

São Paulo (AUN - USP) - As populações, cidades e comunidades miseráveis do país, que o Brasil faz questão de esquecer, agora têm um endereço na internet. O site Repórter Brasil (www.reporterbrasil.com.br), lançado este mês por Leonardo Sakamoto, jornalista e pós-graduando em Ciências Políticas pela USP, traz reportagens de lugares onde os problemas sociais são alarmantes, e que dificilmente recebem atenção da opinião pública e do governo. A cada quinzena, uma nova matéria com informações de algum canto esquecido do país é colocada no ar.

Divididos em regiões, os textos abordam temas como a seca, a questão indígena, a mineração e os impactos ambientais. "A idéia do site é ser um instrumento para governo, imprensa e sociedade civil em geral se mobilizarem e agirem em prol da melhoria desses lugares", explica Leonardo Sakamoto. Para ele, essas sociedades têm meios de se sustentar, basta dar a elas instrumentos básicos e condições mínimas de sobrevivência. “É uma questão de justiça, de dar oportunidade para todos”.

Durante suas viagens, o jornalista observou que os problemas sociais se repetem no país. "Quero mostrar no site que os lugares sobre os quais escrevo são representativos. De norte a sul do país, encontro histórias muito parecidas, com variações de nomes e os locais", diz ele. A razão para isso, acredita Sakamoto, é que "as políticas públicas no Brasil foram sempre iguais. Não respeitam as necessidades do lugar e nem levam em conta as especificidades de cada região", diz ele.

Ao ser questionado sobre o lugar mais pobre em que estivera, Leonardo Sakamoto não hesitou em responder: "Depende do conceito de pobreza. Ela assume várias formas. Pode ser econômica, social e de auto-estima”. Normalmente até estão relacionadas, mas são diferentes. "São José da Tapera, no vilarejo de Furnas, que fica no sertão das Alagoas, foi o lugar onde vi a maior pobreza econômica. Ela foi considerada pela ONU a cidade com o mais baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, que avalia a qualidade de vida das pessoas) do país. O sertão nordestino em geral é muito pobre. Já vi muita gente morrer. Lá, crianças morrem a toque de caixa. Um perdeu cinco filhos, o outro perdeu seis. Nesses lugares, isso é normal de acontecer".

Esse vasto material pode ser usado não só para alertar as pessoas, mas também é uma boa fonte de pesquisa escolar. Com exceção das reportagens e fotos que estão na sessão “Novidades”, todas as outras podem ser reproduzidas integral ou parcialmente pela mídia, mediante autorização. É uma forma de levar histórias desses milhões de esquecidos aos ouvidos de um maior número de pessoas.

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