ISSN 2359-5191

26/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 06 - Saúde - Hospital das Clínicas
Instituto de Psiquiatria integra esforço da OMS de mapear doenças mentais

São Paulo (AUN - USP) - Doutor Simão Bacamarte, também conhecido como “O Alienista” da ilustre obra de Machado de Assis, construiu a Casa Verde, residência e cárcere em que reunia seus pacientes. Um grupo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq) está pronto para fazer o caminho inverso através de um projeto de pesquisa que visitará a residência de 5 mil pessoas na Grande São Paulo com o objetivo de mapear e obter dados confiáveis a respeito dos distúrbios psiquiátricos que acometem a população e dos danos causados por eles. O levantamento faz parte de um projeto global coordenado pela Organização Mundial de Saúde que busca criar um banco de dados internacional sobre as patologias mentais. Isso significa que o questionário e a forma de trabalho seguem um padrão que permitirá comparar diretamente as estatísticas desta pesquisa com outras ao redor do mundo. A parte brasileira tem início previsto para agosto deste ano e abrangerá moradores dos 39 municípios que formam a região metropolitana.

Segundo a pesquisadora Laura Helena Silveira Guerra de Andrade, especialista em epidemiologia pelo IPq, a necessidade dessa pesquisa se tornou patente quando, fazendo seu pós-doutorado, descobriu que os dados da América do Sul não eram atualizados desde a década de 80. Ela já conduziu um trabalho de mapeamento de distúrbios psiquiátricos em uma espécie de prévia do que vai ser o novo projeto. Foram empregados os mesmos padrões internacionais que permitem a comparação com projetos estrangeiros mas o número de entrevistados era bem inferior e o campo de pesquisa, moradores da Vila Madalena e do Jardim América, não era representativo das diferenças socioeconômicas que compõem São Paulo e o Brasil. Mesmo assim os resultados e a possibilidade de compará-los com outras realidades trazem à tona aspectos interessantes das doenças mentais nesses bairros. 12,5% da população já demonstrou sintomas de ansiedade em alguma época da vida, metade da proporção identificada nos Estados Unidos (24,9%) e inferior ao número constatado na Holanda (19,3%) e entre os imigrantes mexicanos residentes nos EUA (16,8%). O abuso e dependência de álcool e outras drogas também teve patamares menores do que nas outras localidades.

A importância dos dados que serão coletados e organizados envolve a própria área de epidemiologia que normalmente é desprezada pelo grande público. Baseado nos resultados desses levantamentos que serão elaborados as políticas de saúde pública regional e global.

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