ISSN 2359-5191

26/05/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 06 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Equipe da Poli leva carro solar a Atenas

São Paulo (AUN - USP) - Uma equipe de estudantes da Universidade de São Paulo está em Atenas, na Grécia, para representar o Brasil em uma corrida de carros movidos a energia solar. Os estudantes, coordenados por Vinícius Rodrigues de Moraes, doutorando do departamento de mecatrônica da Escola Politécnica da USP (Epusp) e idealizador do projeto, reformaram, aperfeiçoaram e levaram à Grécia o primeiro carro movido a energia solar construído no Brasil: o Banana Enterprise, construído em 1993 pelo engenheiro elétrico Eduardo Bomeisel e quatro amigos. O USP Solar (novo nome do carro) é um projeto desenvolvido desde junho de 2002 por uma equipe de estudantes, com patrocínio da Petrobrás.

A Phaeton 2004 é o primeiro evento do tipo a ser realizado na Grécia e, segundo o site oficial (www.phaeton2004.org), seu objetivo é enviar ao mundo todo “uma forte e clara mensagem sobre a necessidade de proteger o meio-ambiente da ação destrutiva das atividades humanas”. O evento, nos moldes de um rali, está ocorrendo até o dia 29 de maio, e a largada será dada no Estádio Olímpico de Atenas, no dia 24, de onde os carros seguirão para a cidade portuária de Patras. De lá, continuarão até Olímpia, Itea, Delfos e de volta a Atenas. Serão aproximadamente 803 km a serem percorridos pelos participantes até o dia 28.

O carro brasileiro, que chegou a Atenas no último dia 18, mede 6 m de comprimento, 2 m de largura e aproximadamente 1,30 m de altura, e pesa 262,5 kg. Seu pouco peso deve-se ao uso de alumínio em sua estrutura e à carenagem, construída com uma fibra muito leve e resistente, o kevlar, comumente utilizada em blindagens. A parte superior do carro é totalmente recoberta por células fotovoltaicas, que convertem a energia solar em energia elétrica, armazenada em baterias que alimentam um motor elétrico. Do carro original aproveitou-se basicamente a estrutura, a carenagem e as células, muito caras pa serem trocadas.

O principal objetivo da participação brasileira na competição é divulgar o uso da energia solar e do motor automotivo elétrico, tecnologia já presente em carros fabricados comercialmente na Europa. “Os carros com motor elétrico não correm, não chegam a 120 km/h como um carro movido a gasolina, mas em São Paulo nem é possível chegar a essa velocidade”, afirma Kira Beim, responsável pelos cálculos estruturais do USP Solar. E continua: “Tanto o carro solar quanto o carro elétrico não soltam fumaça, não produzem poluição nenhuma, não produzem poluição sonora, o motor é super silencioso e não é necessário gastar dinheiro com gasolina”.

Outra motivação da ida à Grécia é despertar o interesse de patrocinadores pelo desenvolvimento de um outro projeto: um novo carro solar, chamado Clave de Sol, que já está inteiramente projetado, com todos os cálculos prontos e cuja estrutura já está sendo construída. A idéia da equipe é finalizar o projeto até o ano que vem, para que possam participar do próximo World Solar Challenge, na Austrália, com um carro novo, com células novas e que corra mais.

A equipe completa do projeto é formada por Vinícius Rodrigues de Moraes, aluno de doutorado da Epusp; Eduardo Bomeisel, dono do carro; Mário Pin, aluno do Instituto de Física da USP, que trabalhou na parte eletrônica do carro; Caio Bonini, aluno do departamento de mecânica da Epusp; José Claro Machado, aluno de engenharia elétrica, também responsável pela eletrônica do carro; Diego Ojima, que também trabalhou com a parte eletrônica; Kira Beim, engenheira naval e aluna de mestrado no departamento de mecânica; Thiago Martins, aluno de mecatrônica, responsável pela mecânica do carro; e Filipe Bruscariolo, aluno do Mackenzie, que também trabalhou com a parte mecânica. Pin, Bonini e Beim serão os pilotos do carro, que se revezarão durante a prova. Machado e Ojima não vão à Grécia.

Apesar de ser bastante animador ver um carro brasileiro como único representante dos países em desenvolvimento em meio a competidores da Itália, Japão, Grécia, Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Reino Unido, Taiwan e Holanda, o projeto, assim como outras pesquisas desenvolvidas no país, enfrentou muitas dificuldades, principalmente financeiras. “(Para comprar) certas partes do carro, nós colocamos dinheiro do nosso bolso, abraçamos o projeto, mas chega uma hora que não conseguimos mais”, comenta Kira Beim. E continua declarando que “o Brasil tem uma tecnologia maravilhosa, mas a gente tem falta de dinheiro, isso tem mesmo. Nós conversamos com equipes de outros países, vemos o que eles têm nas mãos e o que nós temos. E nós fazemos milagre com o que temos nas mãos”.

Ainda segundo Beim, após a Petrobrás começar a patrocinar o projeto, surgiu um repentino interesse de outras empresas em colaborar. As empresas que também apoiaram o projeto são a Cybertecnica, a Cofap (que doou os amortecedores), a Tresca (que fez análises de tensão) e a Hamburg Süd (que transportará o carro na volta ao Brasil).

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br