ISSN 2359-5191

22/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 24 - Sociedade - Escola Politécnica
Estudo mostra razões para falta de ocupação em imóveis do centro
Restrição a acesso de veículos, alto custo de modernização dos prédios antigos e especulação imobiliária são fatores responsáveis por imóveis vazios no centro de São Paulo.

São Paulo (AUN - USP) - Nos últimos anos, têm se intensificado os programas de ocupação dos imóveis do centro da cidade de São Paulo. Levantamentos do IBGE e de entidades do setor imobiliário revelam que as taxas de vacância – razão entre as áreas desocupadas e área total construída dos imóveis – da região estão entre as mais altas da capital. Uma pesquisa de mestrado apresentada à Escola Politécnica da USP procurou identificar os fatores que induzem o surgimento e a manutenção destes espaços vazios, especialmente nos distritos da Sé e da República.

Segundo a autora do estudo, Valéria Cusinato Bomfim, o centro de São Paulo era, até meados do século 20, principal área econômica e administrativas da cidade, concentrando as redes de infra-estrutura paulistanas. Entretanto, a partir da década de 1950, a cidade conheceu um processo de expansão em direção à região sudoeste – nos bairros do Jardim Paulista, Itaim Bibi e Morumbi. A pesquisadora chama esses locais de “novas centralidades”, devido à semelhança com as características de infra-estrutura do centro histórico.

Alterações

Ao mesmo tempo, o centro também passou por algumas mudanças urbanísticas. Por exemplo, priorizou-se a locomoção por meio de transporte público e foram construídos os calçadões. A região se transformou, então, em um pólo comercial e de serviços. Mas o acesso de veículos à região foi dificultado, afastando dali muitas empresas e escritórios. Segundo dados da pesquisa de Valéria, a taxa de vacância de imóveis comerciais no centro é de 20%.

Também contribuem para a baixa ocupação dos imóveis o alto custo para a recuperação e modernização dos antigos prédios e a dificuldade às intervenções imposta pelos órgãos de proteção ao patrimônio histórico.

Vender não interessa

A pesquisadora identifica a maior busca das residências no centro por pessoas de média e baixa renda. Entretanto, o preço de muitas unidades não é compatível com o poder aquisitivo destes compradores. Tais patrimônios não são a principal fonte de renda de seus proprietários e, por isso, eles resistem a diminuir seu valor de mercado.

Nos caso das empresas, a venda das unidades a valores mais baixos também não lhes interessa. Elas são consideradas “capital imobilizado”, ou seja, dinheiro em forma de imóvel. A venda neste ambiente de desvalorização significaria prejuízo para a corporação.

Soluções

Valéria acena para saídas para o problema da vacância na região central. “Os espaços edificados permanecem vazios aguardando uma definição de uma política urbana”, afirma a pesquisadora. “Com a garantia e a certeza de aplicação dos planos de renovação urbana, os imóveis recuperarão seus valores de mercado”, prevê.

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